Rotas cruzadas nos portos

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O debate em comissão sobre a medida provisória da privatização dos portos deve ter início esta semana com ânimos mais exaltados do que se poderia imaginar. É que a bancada do governo está dividida. O Planalto considera que o senador Eduardo Braga (PMDB-AM), relator
do projeto, negociou mais do que deveria. Prorrogou contratos celebrados no passado, o que era combinado e tem lógica. Mas também negociou contratos futuros, o que não fazia parte do jogo. Com essa novidade, o governo teme que um imenso pedaço do filé-mignon da privatização já tenha um destino certo – o prato do banqueiro Daniel Dantas.

“Poderia ser meu vice”
Ao entrar no gabinete do ministro Fernando Pimentel (PT-MG) para uma visita, o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) ouviu:“Se nossos partidos não fossem tão diferentes, você poderia ser meu vice.” Os presentes se divertiram. Pimentel não cogita acordo com o tucano Pestana, mas a candidatura ao governo de Minas é projeto muito sério.

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Corpo mole nos cartórios
Em dezembro, a ministra Rosa Weber determinou ao Tribunal de Justiça de Goiás que desse andamento ao concurso para cartórios de 2008, notificando os candidatos aprovados à apresentação de títulos. Dois estagiários foram incumbidos da tarefa.

Hemorragia interna
A reforma política morreu por falta de interesse geral. Nem o PT queria aprová-la, como descobriu o também petista Henrique Fontana, o relator do projeto, a quem o líder da legenda, José Guimarães (CE), anunciou que o partido vai rascunhar um projeto a partir do zero.

Ação no fim de semana
O presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão, Guerreiro Júnior, abortou a ação de um advogado, filho de desembargador do TJ, para libertar durante um plantão de fim de semana os principais acusados do assassinato do jornalista Décio Sá, executado a tiros em 2012.

Tropa de Elite 3
A Corregedoria da Polícia Civil fluminense e o Ministério Público investigam um grupo de ex-policiais especializado em produzir dossiês contra políticos. O material serve para campanhas e/ou chantagem. O chefe seria um ex-diretor da própria polícia, segundo investigações.

A exceção e a regra
Na disputa de repasses e empréstimos do BNDES, o Rio Grande do Sul foi classificado como categoria C pelo Tesouro, condição insuficiente para obter garantias da União pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Mesmo assim o Estado recebeu recursos que o governador Tarso Genro pretendia. Agora outros governadores querem o mesmo tratamento.

Fim do turismo
Renan Calheiros encerrou programa do Senado que distribuía computadores para Câmaras de Vereadores do País inteiro. O programa pagava passagens e diárias para funcionários ensinarem informática para lideranças locais.

Dilma faz segredo com juros
Dilma Rousseff tem conseguido manter-se discreta em suas opiniões mais pessoais sobre a inflação. A tendência de queda do IPCA nos próximos meses fortaleceu a convicção, dentro do governo, de que o assunto ocupa mais as manchetes dos jornais do que a economia real, mas não encerrou o debate. Sempre depois de lembrar que respeita a autonomia do Banco Central para decidir a questão, Dilma tem deixado claro que prefere a manutenção dos juros no patamar atual, mas sugere a possibilidade de que pode acabar concordando com leves mudanças mais à frente.

Raio X de Campos
O PMDB fará um levantamento completo de cargos que o PSB de Eduardo Campos acumulou desde a chegada de Lula no Planalto, em 2003. Embora os petistas possam ajudar, acredita-se no governo que o PMDB tem mais experiência para localizar os empregos que os novos adversários mantêm em estatais, institutos de pesquisa e outros esconderijos do Estado brasileiro.

Rápidas
* Em junho, os procuradores do Trabalho votam em lista tríplice para escolher seu novo procurador-geral. A palavra final será do procurador geral da República, a ser escolhido por Dilma. Luiz Antônio Camargo de Melo deixa o posto sem sair do anonimato.

* A votação em plenário de  um projeto que prevê a abertura de pouco mais de 200 cargos na Prefeitura de São Paulo é vista como o primeiro teste de fidelidade da Câmara de Vereadores ao prefeito Fernando Haddad. 

* Depois das 21 horas, senadores como Paulo Paim (PT-RS), Anibal Diniz (PT-AC) e Sérgio de Souza (PMDB-PR) aproveitam o tempo livre para fazer imitações ao vivo pela TV Senado. Há momentos bem-humorados. Mas é constrangedor.


* O processo de escolha do novo ministro do Supremo Tribunal Federal tornou-se ainda mais reservado após a notícia, errada, de que o tributarista Heleno Torres fora escolhido na semana retrasada.

Retrato falado

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“O cenário é claro: ou derrubamos no voto democrático
uma medida adotada pelo STF, ou vamos virar reféns da corte”

No Congresso, há um grupo pressionando para que o Legislativo enfrente decisões do Judiciário que muitos parlamentares consideram uma atuação indevida. A ideia é denunciar propostas de menor impacto, como o direito a greve dos servidores públicos, para depois entrar em temas polêmicos, como a cassação de mandatos. Defensor da estratégia, o deputado Nazareno Fontelles (PT-PI) resume o objetivo dos parlamentares: “Precisamos mostrar que os poderes não se sobrepõem.”

Toma lá dá cá

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Deputado Pedro Eugênio (PT-PE), coordenador da bancada do Nordeste, que reúne 150 parlamentares, fala da candidatura de Eduardo Campos.

ISTOÉ – O governo do PT privilegiou obras em Pernambuco?
Pedro Eugênio –
O governo não adubou o jardim de Eduardo Campos. Se apoiou, o Porto de Suape, em Pernambuco, fez a mesma coisa em Camaçari, na Bahia.

ISTOÉ
– Não existe arrependimento?
Pedro Eugênio – Quando um projeto coletivo está dando certo, espera-se pela continuidade. Por isso, não se pode falar em ruptura com o governo Dilma em nome de um caminho melhor. 

ISTOÉ – O governo vai brigar pela paternidade das obras de Pernambuco?
Pedro Eugênio –  É fácil demonstrar para a população quais são as obras estaduais e as ações federais financiadas com recursos federais.

Vitória da persistência

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A teimosia do premiado José Celso Martinez Corrêa em receber um imenso terreno ao lado do Teatro Oficina, no centro de São Paulo, vai dar resultado. Após negociações que se arrastaram por muitos anos, o SBT aceitou receber um terreno em valor comparável, liberando a área para o principal teatrólogo de vanguarda do País ampliar as instalações. O acordo foi acertado pelo Ministério da Cultura.

Ação paralela
Dois missionários brasileiros ficaram presos por sete meses no Senegal, em celas. Atravessando o compasso do Itamaraty, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência entrou no caso para pedir que respondessem em liberdade. Na semana passada eles foram soltos.

Fotos: Adriano Machado, ALAN RODRIGUES – ag. istoé
Colaboraram: Cláudio Dantas Sequeira, Izabelle Torres e Josie Jeronimo


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