O italiano Agnelli (dono, entre outros negócios, da Fiat) e o belga UCB, especia-lizado em produtos químicos. A briga é pelo direito de fornecer 1 bilhão de novas cédulas de reais que todos os anos vão para o mercado, depois da impressão final na Casa da Moeda. Desde 1976 o negócio é da indústria Papel de Salto, joint venture entre a Votorantim e a Arjo Wiggins, empresa cujo principal sócio é o empresário Giovanni Agnelli. Rende US$ 12 milhões ao ano. Os dias de glória, porém, podem estar contados. O governo fechou contrato com a empresa Securancy, união entre a UCB e o Banco Central da Austrália, para lançar a partir de 22 de abril do ano que vem 250 milhões de cédulas em polímero. Ou seja, um dinheiro de plástico. A princípio serão apenas cédulas comemorativas dos 500 anos do Descobrimento, mas a idéia é testar sua aceitação. Dependendo do resultado, elas podem substituir as de papel após 2001. Entre as vantagens estaria sua durabilidade de quatro anos contra os 15 meses das cédulas de papel.

O negócio interessa muito aos belgas, já que apenas 14 países usam esse dinheiro de plástico e o Brasil será a porta de entrada nas Américas. Na semana passada, o princípe Philippe da Bélgica visitou o País junto com uma comitiva empresarial. Ele ia se encontrar com o presidente do BC, Armínio Fraga, a fim de comemorar o acordo. A reunião foi cancelada, mas o vice-presidente Marco Maciel e Philippe trataram de negócios entre os dois países na quinta-feira 18. A história toda não agrada nem um pouco o empresário José Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim. Ele ofereceu de graça as cédulas comemorativas e teve uma conversa com o ministro da Fazenda, Pedro Malan. Tudo em vão. O Brasil mantém posição a favor dos testes com o dinheiro de plástico. Pagará cerca de R$ 7 milhões à Securancy, que promete mais de US$ 100 milhões na construção de duas fábricas no País. Isso, claro, se as novas cédulas forem definitivamente adotadas.


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