Mesmo quem nunca entrou na cozinha para fritar um ovo pode ter seu dia de mestre-cuca, ou melhor, de chef de cuisine. O convite, feito aos leigos e aos iniciados nos segredos da culinária francesa, é do chef bretão Olivier Cozan, dono do restaurante Allons Enfants!, no Jardim Botânico, zona sul do Rio. Radicado no Brasil desde 1991, Cozan, 31 anos, oferece, toda segunda-feira, a partir das 20h, um gostoso e eficiente curso de gastronomia para no máximo 15 pessoas. Enquanto na maioria desses cursos os frequentadores se limitam a observar boquiabertos o desempenho do chef à frente do fogão, Cozan faz os aprendizes colocarem a mão na massa. E o que é mais saboroso: depois, todos comem o que produziram. A brincadeira não é para qualquer mortal. São R$ 85 pela noite, aí incluídos o curso, a lauta refeição, vinho à vontade e uma deliciosa sobremesa. Nada que lembre as diminutas porções da nouvelle cuisine francesa. Graças a Deus!

A clientela é formada por profissionais liberais, socialites, artistas e por uma confraria de franceses e agregados. O cantor e gourmand Ed Motta é frequentador assíduo. Logo que chegam, os alunos recebem aventais brancos, taças de vinho e as instruções sobre o prato que será feito. Em seguida, todos vão para a cozinha. Facões em punho, cortam cebola e picotam os demais ingredientes da iguaria. Como entrada, Cozan pode ensinar um carpaccio de coquilles Saint Jacques com perfume de maracujá; ou fazer o mesmo molusco só que à Compostelle (refogado na manteiga com pequenas cebolas roxas e champanhe).

De prato principal, um cassoulet Royal (com feijão branco, peito de pato, costeletas e filé de cordeiro e fígado de ganso); ou um pernil de cordeiro assado com damasco; ou ainda pato recheado acompanhado de blueberries e maçã com canela. Entre as sobremesas, a grande estrela da Bretanha: kouing amann (delicioso bolo típico, feito de massa folhea-da, manteiga e açúcar). Tudo muito bom. Cozan fica gravitando em torno do fogão. Dá as coordenadas e evita que os alunos peguem pesado no sal ou na pimenta. “Também fico de olho para que os alunos não deixem a comida passar do ponto”, diz o chef.

Cozan conta que muitos brasileiros já conhecem a comida e os vinhos franceses, o que facilita seu trabalho. “São pessoas interessadas.” Tão interessadas, é verdade, que a maior parte sai de lá louca de vontade de aplicar seus conhecimentos. Os maridos, esposas e amigos são as cobaias. Cozan costuma atender telefonemas de alunos desesperados com a colher de pau na mão. “E agora, o que eu faço?”, é a pergunta típica. Cozan não se incomoda com o disque-chef improvisado. “No fim, todos viram meus amigos”, conta.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias