Há sete anos veio à tona o esquema PC e foi a pique o governo Collor. Primeiro presidente eleito pelo povo desde Jânio Quadros em 1960, Fernando Collor de Mello durou pouco mais de um ano no poder, até que suspeitas de corrupção envolvendo Paulo César Farias, seu amigo e tesoureiro, tornaram-se denúncias.

Através da revista Veja, Pedro Collor, seu irmão, revelou a existência do esquema de tráfico de influências e de transações financeiras pouco transparentes. Mas, segundo confirmações recentes do próprio ex-presidente, veio de ISTOÉ o torpedo que atingiu em cheio suas esperanças de completar o mandato. Os jornalistas Mino Pedrosa, Augusto Fonseca e João Santana Filho entrevistaram Francisco Eriberto Freire França, motorista da secretária de Col-lor, Ana Acioli. O esquema delineado por Pedro Collor foi detalhado e esmiuçado por Eriberto e provas foram levantadas pelos jornalistas de ISTOÉ. Meses depois, o Congresso votou o impeachment do presidente e a Nação, que a tudo acompanhava com revolta e perplexidade, via como a parte cheia do copo o fato de aquilo ser um penoso, mas saudável processo de depuração do qual um País mais ético emergiria. Sem lugar para a corrupção.

Mas, passado todo este tempo, o que parece prevalecer mesmo é a metade vazia do copo. A capa desta edição mostra um País sob investigação. Ministros tentam explicar operações pouco transparentes e CPIs navegam pelos Estados levantando provas e mais provas de uma espantosa promiscuidade entre o poder e o crime. Nesta edição, em reportagem de Mino Pedrosa, Ricardo Miranda e Ricardo Stuckert (foto), donos de bingo acusam o ministro do Esporte e Turismo de ter montado seu caixa de campanha com o dinheiro deles. Luiza Villaméa conta como a CPI do Narcotráfico jogou âncoras em Campinas e, além de algemar alguns figurões locais, levantou fortes indícios do envolvimento do deputado Augusto Farias e do legista Badan Palhares com o crime organizado.

A dupla, aliás, protagoniza outro escândalo, que só não está engavetado graças a reportagens de ISTOÉ. Augusto Farias foi indiciado como mentor intelectual da morte de PC, seu irmão. Badan Palhares, que começa a aparecer como legista oficial do crime organizado, assinou o laudo/farsa do crime passional, a versão fantasiosa endossada por boa parte da imprensa. A polícia de Alagoas finalmente concluiu seu trabalho e confirmou o que os jornalistas de ISTOÉ Mário Simas Filho e Mino Pedrosa sustentam, com exemplar teimosia profissional desde 1996: Paulo César Farias e sua namorada foram vítimas de duplo homicídio.