O governador Joaquim Roriz foi instalado no Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal, empurrado pelos votos dos funcionários públicos. Na campanha eleitoral lhes foi prometido um aumento de 28,86% e foi isto que 500 funcionários da Novacap foram cobrar, na quinta-feira 2, nos portões da sede da empresa, responsável pela urbanização no governo de Brasília. Os servidores sentaram-se no asfalto, bloquearam o acesso à empresa e, segundo nota oficial da Secretaria de Segurança do governo do Distrito Federal, trancaram os portões com correntes e cadeados. Ainda segundo a nota, a diretoria da Novacap determinou que um funcionário, acompanhado de um policial militar, providenciasse a abertura desses portões, mas ambos foram agredidos e o policial teve a mão fraturada. A tropa de choque foi chamada e um show de truculência e barbárie desenrolou-se diante das câmeras de fotógrafos e cinegrafistas. Voltando à nota oficial: "A intervenção da Polícia Militar do Distrito Federal ocorreu em plena obediência e respeito à lei e aos preceitos democráticos, agindo com a serenidade e eficiência que têm caracterizado sua atuação."

José Ferreira da Silva, um jardineiro de 33 anos, foi morto. Cláudio César Gomes Cabral, um carpinteiro de 32 anos, perdeu o olho esquerdo atingido por uma bala de borracha. Jesus Ferreira Machado, 26 anos, também ficou cego, conforme a reportagem de Eduardo Hollanda à pág. 32. O correspondente de ISTOÉ em Nova York, Osmar Freitas Jr., atravessou os Estados Unidos e foi a Seattle para cobrir a 3ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele nos descreve a batalha campal envolvendo a polícia e os manifestantes contra a globalização. Eles não eram 500 como em Brasília. Eram mais de dez mil. No relato de Osmar, à pág. 152, há toque de recolher, mais de 400 manifestantes presos, muita bomba de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Mas lá não há nem cegos nem mortos.