Tenho mais campanhas que Napoleão”, ironizou certa vez Jorge Batlle, o presidente eleito do Uruguai. Depois de tentar quatro vezes, o candidato colorado venceu, enfim, as eleições presidenciais no domingo 28. Batlle derrotou o candidato da coalização de esquerda Encontro Progressista-Frente Ampla, Tabaré Vázquez, que havia vencido o primeiro turno. Teve 51% dos votos contra 44% do rival. Aos 72 anos, Batlle conseguiu a façanha de liderar uma aliança inédita entre os dois partidos tradicionais, o Colorado e o Blanco. Ambas agremiações se revezaram no poder nos últimos 150 anos, exceto durante a ditadura militar (1973-1984).

Liberal à moda antiga, ele pretende governar no melhor estilo neoliberal. Suas propostas vão desde a derrubada do monopólio estatal nos serviços públi-cos até a desoneração dos investimentos na economia. E não quer que o Uruguai dependa do Mercosul. Seu plano é fechar acordos paralelos com o Nafta (que reúne os países da América do Norte) e a União Européia. É uma árdua tarefa para um país de 3,2 milhões de habitantes, que tem pouco a oferecer em termos econômicos. “Não podemos dar ao Brasil o fardo de ser responsável pelo nosso crescimento econômico”, afirmou.