Na segunda-feira 29, o que o caminhoneiro Carlos Zalberto Gatto, funcionário da transportadora Transboton, da cidade de Urânia, interior de São Paulo, mais temia aconteceu. Por volta das 23h30, trafegando pela BR-364, que liga os municípios de Pontes e Lacerda a Colônia dos Mineiros, em Mato Grosso, onde é grande o número de cargas roubadas pelas quadrilhas comandadas pelo narcotráfico, ele e o colega Sidnei Rodrigues Gomes foram assaltados na estrada. Dois ladrões armados levaram o caminhão Volvo que dirigiam e a carga de Caninha 51, avaliada em R$ 14 mil. Em agosto, Gatto foi personagem de uma reportagem da revista ISTOÉ, que detalhava a sua dura rotina e denunciava a falta de segurança dos caminhoneiros nas estradas do País.

Gatto conta que de vítimas passaram a bandidos na delegacia de Pontes e Lacerda, onde foram prestar queixa do assalto depois de terem passado toda a madrugada abandonados em um matagal. “Logo que dissemos que tínhamos sido roubados, o delegado disse aos investigadores: ‘Mete o pau neles. Isso é mais um golpe de seguro. São todos vagabundos e ladrões’ ”, conta. Segundo Gatto, os policiais começaram a chutá-los nas pernas, a dar socos na cabeça e tapas na nuca e ameaçá-los de afogamento. “Eles diziam que teríamos de repartir o valor do roubo com eles.” Para libertá-los, um investigador se ofereceu para buscar um advogado da cidade. Para isso, Laerte Boton, o dono da transportadora, teve de depositar R$ 2 mil na conta do advogado. “Mais tarde os policiais ligaram e pediram mais R$ 500 para colocar gasolina na viatura para ir atrás do caminhão. Acho que extorquiram meu patrão”, desconfia Gatto.