Preparem-se! Os argentinos estão chegando ao Brasil para outro verão. Mais de dez anos depois de invadirem em massa nosso litoral, espera-se para o ano 2000 a maior leva de hermanos de todos os tempos. A revoada começa no réveillon, incentivada pelo câmbio. A Embratur prevê que 1,6 milhão de argentinos deverão desembarcar no País, mas estimativas extra-oficiais indicam dois milhões. Segundo o Departamento de Aviação Civil (DAC), dos 1.018 vôos charter que chegarão do Exterior, 790 virão da Argentina – o dobro dos 370 do ano passado. “Será a maior invasão de argentinos”, anuncia Caio Luiz Carvalho, presidente da Embratur, que promoveu uma campanha no país vizinho.

Desta vez a relação está tão favorável aos argentinos que os pacotes saem pela metade do preço. Uma semana em Búzios, por exemplo, com transporte aéreo e hotel quatro estrelas, custa US$ 750, enquanto uma viagem para a República Dominicana em condições semelhantes vale US$ 1.400. A capital catarinense espera ansiosa pelos vizinhos do Mercosul. Eles devem injetar na economia local algo em torno de US$ 40 milhões, segundo João Eduardo Moritz, secretário de Turismo de Florianópolis. Os alu-guéis de casas, por exemplo, já dispararam. Rui Carraveta, proprietário de imobiliária, diz que um apartamento de dois dormitórios na praia de Canasvieiras, uma das mais disputadas pelos argentinos, vai custar entre US$ 80 e US$ 100 por dia, o dobro do que é cobrado fora de temporada.

Com capacidade para 250 pessoas, o Ingleses Praia Hotel terá até 80% de suas vagas ocupadas por argentinos. Para atender à clientela, os funcionários fizeram um curso rápido de espanhol e alguns cuidados foram tomados. “O argentino gosta e sabe escolher um vinho, por isso teremos boas garrafas na adega”, conta o diretor Antônio César Chede. No resort cinco estrelas Costão do Santinho, os argentinos vão estar em 30% dos 325 apartamentos. “Colocamos um limite para poder receber também os turistas nacionais”, explica o presidente, Fernando Marcondes de Mattos. Outra empresa que está animada é a Scuna Sul Central, que oferece passeios de barco na cidade. O gerente Edson Luiz de Souza explica que 60% de sua clientela será formada por argentinos. “Para atender a esse público, temos tudo em espanhol: da sinalização nos barcos às fitas de vídeo que podem ser compradas como lembrança.” É torcer para que venha o sol!


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias