A polícia de Mato Grosso do Sul prendeu na última semana dez pessoas envolvidas no assassinato da prefeita de Mundo Novo, Dorcelina Folador, do PT. O atual secretário de Finanças do município, Jusmar Martins da Silva – ex-aliado de Dorcelina e filho do delegado de polícia Joel José da Silva –, confessou ter sido o mandante do crime. Jusmar também é cunhado do atual prefeito, Kléber Correa de Souza (expulso do PMDB na semana passada). Ele alegou ter mandado matar Dorcelina porque fora demitido da prefeitura. Na cidade, ninguém acredita nessa versão. Uma das razões é porque ele não teria como pagar, de seu bolso, R$ 35 mil ao pistoleiro Getúlio Machado para assassinar a prefeita. Por trás do crime, podem estar peixes muito mais graúdos e motivos muito mais fortes, como um esquema de agiotagem na prefeitura e também o roubo de carros e cargas na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.

ISTOÉ obteve informações de que a prefeita encaminhou denúncias nesse sentido ao governador de Mato Grosso do Sul, José Orcírio dos Santos, o Zeca do PT, em março. Nessa época, ela já recebia ameaças. Dorcelina teria citado o delegado Joel como um dos envolvidos. A assessoria do governador confirmou que o delegado responde a um inquérito na Corregedoria da Polícia Civil por causa dessas denúncias, mas negou que a prefeita o teria acusado. “Ela fez acusações genéricas”, garantiu o coordenador de Comunicação do governo, Eduardo Godoy. Uma carta anônima com detalhes sobre o esquema do tráfico de drogas e do roubo de carros e cargas na região também teria circulado na cidade. Os carros e cargas são trocados por droga no Paraguai. Já o esquema de agiotagem envolveria empresários que foram acusados por Dorcelina de superfaturar produtos e serviços para a prefeitura, na gestão anterior.