Muita teoria e pouca prática. Essa é a reclamação geral do mercado de trabalho ao receber os jovens que saem das faculdades. Os recém-formados são “jogados aos leões” do mercado financeiro e das empresas e seja o que Deus quiser. Só depois de passar muito fax e fazer vários pedidos de lanche pelo telefone para os “veteranos”, a vida deles começa a melhorar. E o argumento é sempre o mesmo: esse pessoal chega com uma boa bagagem acadêmica, mas sem nenhuma noção do que realmente acontece no mundo empresarial e financeiro. Foi pensando nisso que um grupo de representantes de peso decidiu se juntar para criar uma nova opção de educação universitária nas áreas de Administração e Economia: as Faculdades de Campinas. Os respeitados professores da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo e João Manoel Cardoso de Mello se uniram nessa empreitada educacional a Eduar-do da Rocha Azevedo, diretor da corretora Convenção e ex-presidente da Bolsa de Valores de São Paulo.

“Vamos fazer uma faculdade voltada para um mercado de trabalho globalizado e altamente competitivo”, afirma Belluzzo. Após 30 anos na Unicamp, onde foi um dos fundadores, ao lado de Cardoso de Mello, do curso de Economia, Belluzzo quer implementar as técnicas mais modernas de administração e economia na nova faculdade. Ele garante que não vai competir com a Unicamp. “A Unicamp tem um papel diferente; ela forma o pesquisador, o cientista, e isso é uma função insubstituível. Nós queremos formar o profissional que vai entrar na empresa, no banco”, afirma ele. A partir do primeiro semestre, por exemplo, os alunos terão Laboratório de Trabalho, uma tradição do ensino universitário americano. Nessa disciplina, haverá a oportunidade de vivenciar situações do dia-a-dia do mercado, como lançamento de produtos, avaliação de crédito para empresas e operações financeiras. Para preparar os alunos para serem cidadãos do mundo, o idioma inglês será uma matéria de reprovação, ou seja, terá o mesmo peso de outras disciplinas como Macroeconomia. “A idéia é formar profissionais capacitados a enfrentar este novo mundo sem fronteiras”, diz Rocha Azevedo. Num espaço de 3,5 mil metros quadrados de área construída, cercado de árvores, em Campinas, a nova faculdade foi montada com todos os aparatos tecnológicos de uma universidade de Primeiro Mundo. As 16 salas contam com ar-condicionado, ponto de computador e Internet (cada aluno terá o seu e-mail). A partir desta semana, as inscrições para o vestibular das Faculdades de Campinas estão abertas. São 100 vagas para o curso de Economia e outras 100 para o de Administração de Empresas.