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O delegado José Pedro Costa da Silva, titular da 21ª DP (Bonsucesso) e responsável pela investigação do acidente envolvendo um ônibus que caiu de um viaduto sobre a avenida Brasil, no Rio de Janeiro, afirmou nesta quarta-feira (3) que pretende pedir a prisão temporária do motorista do veículo e de um jovem que o teria agredido pouco antes da queda, segundo o relato de testemunhas. De acordo com o delegado, ambos devem ser indiciados por homicídio doloso – quando há intenção de matar.
 
"Eu entendo que os dois – cada um com sua conduta – deram causa ao acidente. O motorista, por ser um profissional, jamais poderia ter se permitido discutir com um passageiro enquanto estava conduzindo o veículo, ainda mais acessando um viaduto. No mínimo teria que parar, não poderia ser agressivo também com o passageiro. E o passageiro, por sua vez, jamais poderia ter chutado o motorista enquanto ele estava na direção", afirmou o delegado.
 
O titular da 21ª DP afirmou pela manhã que já colheu os depoimentos de três testemunhas do acidente. Segundo o delegado, as três pessoas confirmam que o motorista, André da Silva Oliveira, foi agredido por um passageiro com um chute na cabeça após uma discussão. "Tudo o que colhemos até agora nos indica que o motorista foi agredido", afirmou Silva. O jovem, identificado por fotos, é Rodrigo Santos Freire, 25 anos, estudante de Engenharia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
 
O delegado também fez uma nova tentativa de conversa com o motorista do veículo que despencou, deixando sete mortos. "Ele continua sem memória recente, não lembra nem que foi trabalhar no dia", disse. "Vamos voltar a conversar com ele tão logo ele recupere suas funções", afirmou o delegado.
 
A discussão que possivelmente causou a tragédia teria sido motivada pelo fato do motorista não ter parado no ponto de ônibus anterior ao viaduto Brigadeiro Tropowisky e por estar supostamente trafegando em alta velocidade. O agressor está internado no Hospital Estadual Miguel Couto, na Gávea, zona sul do Rio, com a mandíbula fraturada. "Pelo que soubemos, ele saiu andando do acidente, mas necessitando de apoio médico. Ainda estamos apurando", disse o delegado, sem dar detalhes.
 
A versão foi confirmada pela mãe de uma das vítimas que também está internada no Getúlio Vargas, a estudante Amanda Santana, 19 anos. Segundo Conceição Rodrigues de Santana, "ela tem certeza que foi isso (o chute no motorista) que causou a queda do ônibus". Amanda está internada, estável, com o cóccix (pequeno osso da parte inferior da coluna vertebral) fraturado.
 
A estudante voltava de seu segundo dia na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde foi aprovada no curso de Farmácia. Ela passava por um trote, típico entre os calouros, e, segundo Conceição, teve o azar de pegar o ônibus errado para voltar para casa, já que mora em Irajá, na zona norte da cidade, e o destino do coletivo era o centro, após deixar a Ilha do Governador, onde fica o campus do Fundão da UFRJ. "Ela chora a todo momento, não acredita ainda no que aconteceu", relatou a mãe.
 
O acidente
 
Desgovernado, o ônibus que fazia a linha 328 da Paranapuan caiu do viaduto Brigadeiro Trompowski sobre a avenida Brasil, na saída do bairro da Ilha do Governador, na tarde de terça-feira. Sete pessoas morreram – cinco homens e duas mulheres – e ao menos nove ficaram feridas, de acordo com o Corpo de Bombeiros.
 
Segundo o Centro de Operações da prefeitura, o acidente ocorreu por volta das 16h30. Para facilitar o socorro às vítimas, a pista sentido centro da avenida Brasil – uma das principais vias da cidade, que liga o centro à zona oeste, passando pela zona norte – foi interditada.