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Pouco menos de dois anos depois da "faxina" que destituiu o comando do Ministério dos Transportes e órgãos relacionados, como a Valec e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira que o novo titular do ministério, César Borges (PR-BA), contará com um time "mais afinado" hoje do que no passado. Durante a cerimônia de posse no Palácio do Planalto, Dilma disse que encaminhará ainda hoje ao Senado a indicação do nome de Paulo Sérgio Passos, que deixa o cargo de ministro, para ocupar a diretoria-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

“Acredito que ele contará hoje com um time muito mais afinado dentro do ministério, do Dnit e da Valec do que no início do meu governo”, afirmou a presidente na cerimônia de posse. Dilma disse conhecer a "competência" de César Borges, que atuava até agora como vice-presidente do Banco do Brasil.

"Quero dizer que ao longo dos últimos anos, o Paulo Sérgio teve importante papel no ministério dos Transportes. Posso afirmar que são grandes os desafios que César Borges terá de enfrentar na mesma função", afirmou a presidente, em discurso.

César Borges não é exatamente um nome de consenso, mas, segundo correligionários, foi a melhor escolha para a proposta de Dilma. A presidente quer um ministro que fique no cargo até o fim do seu mandato. Considerado “nome experiente”, Borges não deverá se candidatar a cargo eletivo no ano que vem.

O novo ministro já foi governador da Bahia entre 1998 a 2002. Foi durante sua gestão que a Ford decidiu implantar uma fábrica em Camaçari. Ele foi senador até 2010, quando não conseguiu se reeleger.

Borges herdará uma pasta desidratada. Os programas de privatização na área logística estão com a Empresa de Planejamento e Logística (EPL), sob comando de Bernardo Figueiredo, outro técnico que tem a confiança da presidente. Projetos importantes do governo que ainda estão no guarda-chuva do ministério estão sofrendo uma intervenção direta da ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Isso porque o Planejamento coordena o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do qual a maioria das obras de infraestrutura faz parte.

Apesar do apetite do PR, Dilma não deverá ceder o comando da Valec e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), cenário do esquema de corrupção que derrubou o então ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR-AM). "Borges consolida a participação do PR na nossa coalisão de governo, o que para nós também é muito importante", declarou.

Paulo Sérgio Passos

Ao tirar Paulo Sérgio Passos do ministério, a presidente decidiu indicá-lo para comandar a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A nomeação, no entanto, ainda precisa passar por sabatina no Senado.

Passos estava no cargo de ministro desde julho de 2011, quando o então titular, Alfredo Nascimento (PR-AM), foi demitido suspeito de participação em esquema de corrupção. Desde o governo Lula, Passos era o número dois do ministério.

Por ter um perfil técnico, caiu na simpatia de Dilma, que o manteve no comando da pasta a contragosto do partido. Filiado ao PR, Passos era apontado por sua própria legenda – que não o respaldava – como indicação pessoal da presidente. A manutenção dele no ministério fez com que o partido deixasse formalmente a base aliada ao governo – apesar de na prática, o PR continuar se comportando como governista nas principais votações no Congresso Nacional.

Vislumbrando agora um cenário eleitoral e de provável racha na base com a potencial candidatura de Eduardo Campos (PSB) ao Planalto no ano que vem, Dilma foi buscar o apoio formal novamente do PR reintegrando o partido no primeiro escalão do governo. Além de lhe garantir mais tempo de propaganda na televisão, ao conseguir a lealdade da legenda, Dilma evita que o partido migre para a coligação de Campos.