OPÇÃO Depois de anos de tentativa, a Rússia
desistiu dos wide-body e agora investe nos jatos regionais,
como o Sukhoi Superjet 100

A empresa russa Sukhoi Company (JSC), que fabrica os caças supersônicos Sukhoi, está colocando no mercado um avião com capacidade para até 100 passageiros, o Sukhoi Superjet 100, que deverá competir com os aviões da Embraer, principalmente com os da linha E-jets, como os modelos Embraer 190 e Embraer 195. Segundo o diretor-geral da empresa, Mikhail Pogosyan, o Superjet 100, que custará cerca de US$ 27,8 milhões, terá custos operacionais de 10% a 15% mais baratos do que os produtos da Embraer e da canadense Bombardier. Procurada por ISTOÉ, a Embraer diz que não comenta lançamentos de produtos de concorrentes.

O projeto do novo avião faz parte da reformulação que a indústria aeronáutica russa sofreu recentemente. Em 2006, enquanto a empresa aérea russa Aeroflot anunciava que substituiria seus wide-body Ilyushin Il-96 por aviões da Boeing ou da Airbus, o presidente Vladimir Putin assinou um decreto criando uma estatal que passava a controlar os seis maiores fabricantes de aviões russos. A holding, chamada United Aircraft Corporation, passou a controlar a Sukhoi, a Mikoyan, a Tupolev, a Irkut, a Ilyushin e a Yakovlev. A decisão veio depois que o setor aeronáutico russo reconheceu que não tinha condições de competir com as grandes empresas aeronáuticas ocidentais no segmento de jatos de passageiros wide-body. Decidiuse, então, que o setor seria remodelado para produzir jatos regionais com capacidade máxima de 100 passageiros. "Temos que encontrar um nicho", disse Yuri M. Koptev, ex-vice-ministro da indústria. "Como a Boeing não faz jatos regionais, foi determinada a direção que a aviação russa deve tomar para se tornar líder mundial."

US$ 27,8 milhões é quanto vai custar o novo avião da Sukhoi

Ao mesmo tempo, uma subsidiária da estatal, a Sukhoi Design Bureau, vem desenvolvendo desde 2002 um jato militar supersônico de 5ª geração, chamado T-50 PAK-FA, um avião "stealth" (invisível aos radares), que pretende ser superior ao caça americano F-35 Lightning II e tão furtivo quanto o também americano F-22 Raptor. Na visita que a missão russa fez ao Brasil na semana passada, chefiada pelo secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Valentin Sobolev, foi assinado um protocolo de intenções entre os dois governos. Os russos querem que o Brasil se una a eles e à Índia para desenvolver o T-50 PAK-FA.

O problema é que, na Rússia, o Estado controla 100% da holding de aviação, mas os fabricantes são privados. Ora, numa situação dessa, o Estado pode absorver custos de produção de aviões como o Superjet 100. Além disso, a indústria aeronáutica russa conta com mãode- obra barata no setor: cerca de US$ 300 por mês. Assim, ao se associar a uma parceria para construir um caça de 5ª geração, o Brasil estará investindo num concorrente da Embraer.