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Por mais que a maioria dos aspirantes ao posto tente negar o óbvio, o fato é que a corrida presidencial ganhou claramente as ruas, numa antecipação previsível que mais se assemelha a gincanas repletas de provas. Em São Paulo, o PSDB tenta resgatar correligionários distantes. O governador Alckmin, por exemplo, deu finalmente o seu sim – confrontado com a argumentação sempre providencial e eficaz do ex-presidente Fernando Henrique – às pretensões de Aécio Neves, para que ele assuma a direção do partido na convenção prevista para maio. É um apoio fundamental e que praticamente sela a escolha de Aécio ao cargo. Já o governista PT foi ao Nordeste em caravana cobrar fidelidade de aliados que ameaçam mudar de lado – como parece ser o caso do governador pernambucano, Eduardo Campos. A presidenta Dilma, amparada nos números de popularidade (hoje já superiores aos do mentor Lula), mergulhou numa ofensiva midiática e política. Anuncia, semana sim outra também, pacotes de bondades, enquanto segue no corpo a corpo em vários Estados da federação. Foi surpreendente vê-la, fora de sua postura habitual, emparedar o parceiro Campos no evento público de Serra Talhada, na segunda-feira 25, lembrando-lhe que “nenhuma força política sozinha é capaz de dirigir um país com essa complexidade”. Dilma, no figurino de candidata, o alvejou com um direto de esquerda: “Precisamos de parceiros que sejam comprometidos.”

O opositor Aécio Neves sabe que, para hastear a bandeira de liderança nacional da legião tucana, é vital o controle da presidência do PSDB. E vai em busca do objetivo com vontade. Sua estratégia tem se mostrado eficaz e bem calculada. Começou discretamente um périplo às bases eleitorais do partido, reúne-se sistematicamente com os caciques para traçar cada passo e, em breve, inicia contatos com forças políticas nacionais e internacionais de várias correntes para expor propostas. O maior argumento que leva é o de arejar a cena política e dar um choque de modernização no Brasil. Sustenta que dez anos de poder do PT criaram cacoetes administrativos – que levaram a seguidos escândalos de desvios – e acomodação no campo das ações, comprometendo o desenvolvimento. A adversária Dilma, por sua vez, vai apresentar um amplo leque de realizações e números macroeconômicos que, a seguir no atual ritmo, mostram o País no trilho. E a disputa está apenas começando.

Fotos: Pedro Ladeira/Frame; Hans von Manteuffel


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