Com pouco mais de 200 mil habitantes, a cidade de Armenia, no departamento (província) de Quindío, era um dos centros da produção cafeeira da Colômbia. Seu desenvolvimento econômico foi tão fulgurante numa época que era chamada "cidade milagre". Na segunda-feira 25, Armenia estava reduzida a um monte de escombros. Um violento terremoto de seis pontos na escala Richter atingiu 20 cidades e vilarejos dos departamentos de Quindío, Valle, Tolima, Caldas e Risaralda. "Os edifícios caíam de uma hora para outra, como castelo de cartas", narrou uma sobrevivente. Até a quinta-feira 28, 900 corpos tinham sido encontrados, havia 3.500 feridos e 200 mil desabrigados. O número de vítimas fatais pode ultrapassar dois mil.

Centenas de habitantes perambulavam pelas ruas de Armenia, carregando seus mortos ou tentando encontrar seus familiares entre os sobreviventes. Os hospitais não conseguiam atender todos os feridos e até caixões estavam em falta. "Eu escapei porque estava debaixo de uma mesa. Enquanto estava sepultado vivo, ouvia gritos de pessoas pedindo socorro", contou Jorge Eliécer Gómez, 65 anos. O menino Jayson López, 13 anos, passou quase 36 horas sob as ruínas da casa onde vivia com a família. Agora, ele corre o risco de ter que amputar uma perna. Mais sorte teve o jogador brasileiro Edivar Santos da Silva. Ele se atrasou para um encontro com o empresário argentino Darío Campagna no Hotel Plaza, em Armenia. Campagna contratava jogadores para o clube colombiano Deportes Quindío. O hotel ruiu e matou o empresário e os jogadores argentinos Rubén Bihurriet e Diego Montenegro. "Foi um milagre de Deus", desabafou Silva.

A demora do governo em distribuir ajuda levou os habitantes a saquear lojas, supermercados e até casas em ruínas. Os habitantes roubavam principalmente alimentos e água, mas também eletrodomésticos. O governo deslocou tropas do Exército e decretou toque de recolher para tentar conter os saques.