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Com pequeno custo de produção, mas grande alcance de público, a tela virtual da internet tem-se tornado para muitos humoristas um seguro trampolim para outras telas maiores, as do cinema e da televisão. Guardadas as devidas proporções, é como o menino irreverente que começa a jogar bola feito peladeiro e depois assina contrato com um clube de projeção. Acaba de dar esse salto o comediante Marcelo Adnet, que na sexta-feira 5 estreia na Rede Globo o seu programa ?O Dentista Mascarado?. Como em tudo na vida, uma boa dose de sorte, além de talento, é necessária na carreira artística, mas o fato é que ele não é um caso isolado ? integra o fenômeno de duas mãos que hoje se dá no mundo do humor: quem faz sucesso na internet ganha convite para migrar para a televisão, e a própria televisão, ao buscar tais comediantes, demonstra que quer novamente consolidar programas desse gênero numa reação à internet. Nesse vaivém ganha o profissional e ganha o público.

Servem de exemplo desse movimento o humorista Fábio Porchat, um dos campeões de acessos no YouTube com o seu canal ?Porta dos Fundos? e hoje roteirista do programa ?Esquenta?. Para ficar ainda na Rede Globo, pode-se citar também Maurício Ricardo, que foi chargista na internet e agora desenha para o ?Domingão do Faustão?, ?Big Brother Brasil? e ?Fantástico?. Na Rede Bandeirantes destaca-se Ronald Rios, que antes de integrar a bancada do programa ?CQC? estourou de sucesso com suas piadas no Twitter. O ?CQC?, aliás, também é comandado por um ?ex-internético?, pioneiro na travessia dessa fronteira e um dos primeiros brasileiros a superar a marca de um milhão de fãs no Twitter: o apresentador Marcelo Tas. E ainda que a tevê dê preferência para comediantes do sexo masculino, já se vê, aqui e ali, mulheres serem chamadas: é o próprio ?CQC? que acaba de pinçar na internet Daniella Giusti que faz a personagem Dani Calabresa (ex-MTV).

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DIVERSIDADE
Marcelo Adnet (à esq.), revelado pela internet,
fez sucesso no cinema no filme

?A televisão está envelhecendo e vai na internet buscar o que aparece de novo?, diz Maurício Tavares, da Universidade Federal da Bahia. ?Isso a rejuvenesce.? Os ?humoristas migrantes? sabem, é claro, que têm pela frente uma árdua missão. Tas explica que ?a internet dá à pessoa não famosa a possibilidade da visibilidade e a chance de fazer um humor diferente?. Uma das diferenças marcantes entre o universo virtual e o televisivo do humor é que o lado um pouco tosco da internet, resultado de produções mais baratas e improvisadas, faz parte da própria diversão, enquanto nas emissoras bem estruturadas tal coisa é considerada uma imperdoável falha do programa. ?Tudo isso nos mostra, no entanto, que a graça que vem da tela virtual está trazendo inovações à tela da televisão, e creio que trará cada vez mais?, diz Waldomiro Vergueiro, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Inovando e reagindo à internet, é certo, porém, que não há emissora que coloque um programa no ar e não fique de olho no ibope. Eis aí o desafio maior, eis a consagração ou o fracasso. ?Não tenho medo?, diz Adnet, que também já topou o desafio do cinema com os filmes ?Muita Calma nessa Hora? e ?Os Penetras?. Ele é pragmático: ?Diante do público incomparavelmente maior da televisão, é normal que o humorista ganhe mais elogios. Mas também é normal que receba mais críticas. Tudo bem, isso é natural.?

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