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SUCESSO Buss, da Fiocruz, diz que o remédio beneficiará outros países

A malária afeta mais de 500 milhões de pessoas no mundo a cada ano. É a principal parasitose em países tropicais e uma grave causa de morte e seqüelas em crianças. Na quinta-feira 17, o enfrentamento da forma mais comum no Brasil, e também a mais severa, ganhou reforço com o lançamento de um medicamento inovador, o ASMQ. A droga foi desenvolvida por uma parceria entre o laboratório estatal Farmanguinhos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e uma organização internacional sem fins lucrativos, a Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi). O remédio torna o tratamento mais fácil, seguro e barato. Além disso, o ASMQ virá em três apresentações para crianças, o que significa um avanço sem precedentes na luta contra essa doença.

O novo fármaco combina, no mesmo comprimido, doses fixas dos dois principais princípios ativos usados contra a malária, o artesunato (AS) e a mefloquina (MQ). A fusão permite que ambos sejam tomados na quantidade certa e juntos, como determinam os médicos. Mais do que isso, diminui o tratamento completo para seis comprimidos – ou seja, uma a duas pílulas durante três dias, em vez dos 19 comprimidos que o paciente precisa tomar quando as drogas não estão mescladas. Os pesquisadores garantem que o gosto também é melhor do que o dos medicamentos mais antigos. No ano passado, a DNDi lançou uma outra combinação fixa de antimaláricos, mas com drogas diferentes, com o laboratório Sanofi-Aventis.

Primeiro remédio para doenças negligenciadas desenvolvido no Brasil, o ASMQ foi testado em 17 mil pacientes no Acre, onde se concentra grande parte dos casos. Dados do Ministério da Saúde apontam que o uso do remédio ajudou as hospitalizações a cairem de 9,5 mil pessoas para pouco mais de seis mil em 2007. Considerado um bem público, o medicamento será vendido a preço de custo para os países endêmicos (cerca de US$ 2,50 o tratamento inteiro). O governo brasileiro pagará cerca de R$ 4,25. Com intermediação da DNDi, sua tecnologia de produção será transferida pela Farmanguinhos para uma empresa na Índia, a Cipla, produtora de medicamentos genéricos, para abastecer o Sudeste Asiático, duramente atingido pela doença. "O papel da Fiocruz é desenvolver conhecimentos que sirvam à sociedade brasileira. Cumprimos este objetivo e estamos ajudando outros países", disse Paulo Buss, presidente da Fiocruz. A fundação e a DNDi estimam que em três meses serão distribuídas 50 mil doses no Brasil, mas ainda não há data prevista para o começo da ação.