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MILITANTE
A atriz Thaila Ayala aderiu ao protesto contra o uso
de pele na moda que ocorreu na porta da SPFW

Era só para anunciar o que estará na moda no próximo verão, mas acabou sendo, também, para protestar contra o que deve ficar fora da moda em todas as estações: o uso de pele de animais em roupas. Nas imediações do prédio da Bienal, no Parque do Ibirapuera, onde acontece a São Paulo Fashion Week (SPFW), militantes de ONGs e adeptos do movimento No Fur (Nada de peles, em inglês) pediam o fim da matança em nome da indústria. A atriz Thaila Ayala protestou com o slogan na mão e avisou: “Não uso pele e sou contra quem usa.” A campanha organizada pela ONG Move Institute rotula de monstros os estilistas que adotam materiais extraídos de bichos, ou melhor, “Fashion Monsters”. O principal alvo foi o estilista Fause Haten, que costuma usar peles e penas em seu trabalho. “Não queremos comprar briga com o setor, que tem sua importância econômica e gera empregos. Pretendemos mostrar que há alternativas ao uso de peles de animais”, defende a ativista Adriana Pierin.

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As semanas de moda costumam estar na mira e as celebridades ser o alvo principal desses ativistas no mundo. A apresentação da cantora Beyoncé, na recente final do Super Bowl, nos Estados Unidos, causou indignação e ela recebeu uma enxurrada de críticas. A roupa que ela usava costurava peles de seis répteis, entre eles a píton, um dos destaques dos desfiles de Milão, na Itália, no mês passado. No auge da moda, o réptil também está no limiar da existência. Um recente relatório do Centro de Comércio Internacional (ITC, sigla em inglês do organismo ligado à ONU) diz que o movimento anual de produtos com essa matéria-prima chega a US$ 1 bilhão, mas que a cobra está ameaçada de extinção por isso. Os métodos de retirada da pele do animal são primitivos e cruéis. Depois de inchadas com água ou ar, para aumentar o “produto”, elas são esfoladas vivas e, ainda em agonia, viram alimento para jacaré, outra vítima da indústria fashion.

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INDIGNAÇÃO
Beyoncé, na recente final do Super Bowl, nos EUA:
criticada por usar peles de seis animais no figurino

A porta-voz da ONG americana de defesa dos animais PETA, Ashley Byrne, diz acreditar na consciência humana: “Quando uma pessoa sabe como a peça é produzida, o horror faz com que ela desista da compra. Muitas marcas já optam por réplicas sintéticas.” Como essa edição da SPFW foi para apresentar a próxima coleção primavera-verão, couros, peles e penas praticamente não tiveram lugar na passarela. Vale conferir como estará a consciência ecológica dos estilistas no evento de outono-inverno.

Fotos: Divulgação Move Institute; Kevin Mazur/WireImage