Os infartos acontecem com mais freqüência no frio. Os agentes responsáveis por esse fenômeno são a queda de temperatura e a poluição. Estudo feito pelo cardiologista Luiz Antônio Machado César, do Instituto do Coração de São Paulo (InCor), provou que o número de infartos cresce 30% quando a temperatura fica abaixo dos 14 graus centígrados. “Os danos e as chances de morrer de ataque cardíaco também são mais elevados”, alerta. A pesquisa revelou que as baixas temperaturas facilitam a ocorrência de outros problemas, entre eles acidentes vasculares cerebrais, angina e arritmia. As pessoas mais vulneráveis são as que convivem com fatores de risco como colesterol elevado, pressão alta e idosos. Também há perigo na variação súbita de temperatura. “O choque térmico, como sair de um lugar muito aquecido para o frio, é mais um gatilho para alterações cardíacas”, diz o cardiologista Leopoldo Piegas, do Serviço de Emergência Coronariana do Hospital do Coração, em São Paulo.

Os mecanismos pelos quais o frio afeta o coração começam a ser esclarecidos. Há uma espécie de reação em cadeia. “Quando os receptores nervosos da pele sentem o frio, ocorre uma liberação de adrenalina, um hormônio que contrai os vasos sanguíneos de todo o corpo”, explica o cardiologista César. O estreitamento do calibre dos canais de circulação do sangue, ainda que mínimo, pode levar a rupturas de placas de gordura eventualmente depositadas no interior das artérias e nas coronárias, que irrigam o coração. Quando isso acontece, há uma convocação de proteínas e plaquetas do sangue para reparar o dano, o que aumenta a possibilidade de formação de coágulos. São eles que podem entupir as artérias e causar infarto. A poluição agrava esse quadro. “Após um dia de muita poluição, o atendimento a pessoas com arritmia nos prontosocorros cresce entre 5% e 15%”, diz o pneumologista Ubiratan de Paula Santos, do Hospital das Clínicas de São Paulo. A inalação de mais partículas obriga o sistema de defesa do organismo a trabalhar muito para combater os invasores das vias respiratórias e do pulmão. Isso deflagra o ciclo que vai da inflamação à formação de coágulos. “Ficamos mais sensíveis e devemos nos proteger”, resume Santos.