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Felipão foi grosso ao comentar a sugestão de Pelé de fazer do Corinthians a base da Seleção Brasileira. Poderia ter dito que o futebol mudou, que realmente nos anos 60 o Santos e o Botafogo tinham times maravilhosos e que, na época, a seleção fez bem em partir com seis jogadores daqueles dois times. Mas não. Preferiu dizer que Pelé “deve ter algum amigo lá” no Corinthians.

As palavras de Pelé precisam ser traduzidas. Quando ele citou o Corinthians, estava se referindo a um time que recentemente foi campeão sul-americano e mundial. Mas basicamente estava buscando um referencial no futebol brasileiro. Digamos, dois jogadores do Corinthians, dois do Fluminense e dois do Atlético Mineiro, para citar os times que estão jogando melhor atualmente.

A verdade é que Pelé, assim como muitos, tem saudades da seleção de futebol realmente brasileira. Faz tempo, muito tempo, que ela deixou de ser vista como a Seleção Brasileira e é vista mais como Seleção da CBF. O amistoso de 2-2 contra a Itália mostrou isso. O time brasileiro simplesmente não tem conjunto. Estava sendo dominado pelo renovado futebol da Itália, mas acabou se impondo com duas jogadas individuais e, com gols de Fred e Oscar, foi para o intervalo com 2-0 no placar. O segundo gol, aliás, numa arrancada sensacional de Neymar, que pouco fez além disso por ter atuado muito tempo no meio dos zagueiros.

Em apenas 12 minutos do segundo tempo, entretanto, a Itália empatou, com gols assinalados por De Rossi e Balotelli. Um resultado mais justo pelo que as duas seleções jogavam. Em outros tempos, seria impensável ver a Itália buscar um empate depois de estar perdendo por 2-0. Mas o técnico Cesare Prandelli tem procurado dotar a equipe de um futebol mais bonito, de toques e valorização da posse de bola. Tem dado certo e é bom que a Azzurra tenha abandonado a velha tática do ferrolho defensivo.

O Brasil ainda poderia ter vencido o jogo, e também perdido, se não fossem o mau jeito de Hulk com a bola e as boas defesas de Julio César. Aos 39 minutos, mostrando seu verdadeiro estilo, Felipão tirou um atacante (Hulk) para a entrada de um meia (Jean) e finalmente montou o time como realmente parece gostar: com três volantes.

Brasil e Itália voltam a se enfrentar no dia 22 de junho, em Salvador, pela Copa das Confederações. Já deu para sentir que não vai ser fácil. A grande dúvida é: se a Copa das Confederações e a Copa do Mundo serão no Brasil, por que não fazer os amistosos aqui mesmo no patropi? Bem, dia 25, a Seleção da CBF joga novamente em Wembley, Londres, cidade que adotou como sede já faz alguns anos. O Brasil enfrentará a Rússia, que lidera disparado o seu grupo nas eliminatórias europeias, à frente de Israel e Portugal.

Depois disso, o time de Felipão jogará contra a Bolívia, dia 6 de abril, e contra o Chile, dia 24 de abril. É muito difícil que o Brasil adquira um padrão de jogo vencedor até a Copa das Confederações. Felipão tem a sua tática, o seu jeito de pensar futebol, e dessa maneira foi campeão do mundo uma vez. Não adianta Pelé pedir um time mais com a cara do Brasil, do futebol praticado aqui. A seleção agora tem, e terá, só a cara do Felipão.