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Durante a visita do presidente americano, Barack Obama, a Israel nota-se uma aproximação das posições dos dois lados acerca do programa nuclear iraniano, tema que nos últimos anos havia gerado tensão entre os dois governos, principalmente depois das ameaças israelenses de realizar um ataque preventivo ao Irã sem coordenar com seu principal aliado.

Não se sabe o que o presidente Obama e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disseram em suas conversas de portas fechadas, mas, segundo as declarações públicas e as avaliações dos analistas, depois desta visita a possibilidade de que Israel venha a atacar o Irã sem consultar antes o governo americano, diminuiu.

Na entrevista coletiva dos dois lideres ontem em Jerusalém, Obama elevou o tom de advertência acerca do armamento nuclear iraniano enquanto Netanyahu expressou-se de maneira menos incisiva comparando com seus discursos durante 2012.

Netanyahu também afirmou, pela primeira vez, que "confia" no presidente americano quando ele diz que os Estados Unidos "impedirá" que o Irã tenha armas nucleares. Durante 2012, Netanyahu e outros lideres israelenses destacaram diversas vezes que Israel "tem o direito de autodefesa da ameaça existencial que seria um Irã nuclear".

A primavera de Netanyahu

A chegada de Obama a Israel justamente no início da primavera no hemisfério norte é atribuída à declaração de Netanyahu na Assembleia Geral da ONU em setembro de 2012, quando sinalizou os meses de abril ou maio de 2013 como "último momento" para barrar o programa nuclear iraniano.

De acordo com aquele discurso, durante a primavera de 2013, que oficialmente começa nesta quinta-feira, deverá haver uma operação militar às instalações nucleares do Irã, para impedir que o país produza uma bomba atômica.

"Obama não veio para sugerir e nem para discutir, ele veio para advertir os israelenses que não façam alguma ‘surpresa’ no Irã sem consultar os Estados Unidos", afirmou Eitan Haber, ex-porta voz do primeiro-ministro Itzhak Rabin.

O deputado do Likud Tsachi Hanegbi disse que "Obama escolheu esta data para vir a Israel por causa do discurso de Netanyahu na ONU".

Para o cientista politico da Universidade Bar Ilan, Eitan Gilboa, "Obama realmente teme que Israel ataque (o Irã) sozinho e veio para cá para impedir que isso aconteça".

O presidente Obama declarou que, segundo a avaliação das agências de Inteligência dos Estados Unidos, o Irã poderá produzir uma bomba atômica em "cerca de um ano". Netanyahu afirmou que as avaliações da inteligência israelense "não estão longe" das previsões americanas.

"Linha Vermelha"

Segundo o analista militar Reuven Pedhatzur, a principal divergência que restou entre as partes é sobre a definição da "linha vermelha", ou seja, qual será último momento para impedir o avanço do programa iraniano pela força, caso as iniciativas diplomáticas e as sanções econômicas venham a fracassar.

"A diferença entre o prazo americano e o prazo israelense é de alguns meses", disse Pedhatzur ao Terra. "Para Israel, a ‘linha vermelha’ se dará quando o Irã se aproximar de uma quantidade suficiente de irânio enriquecido para produzir uma bomba (atômica). Para os Estados Unidos, provavelmente o limite será traçado com a produção da própria bomba ou a instalação de explosivos nucleares em um míssil de longo alcance".

Durante a visita, o presidente Obama prometeu ao premiê Netanyahu que os dois países iniciarão negociações sobre o prolongamento do acordo de ajuda militar que os Estados Unidos dão anualmente a Israel. O acordo atual prevê uma ajuda de US$ 3 bilhões por ano, durante 10 anos, expirando em 2017.

Obama também prometeu que os Estados Unidos continuarão ajudando Israel com sistemas de mísseis antimísseis para proteger as cidades israelenses de possíveis ataques e já mencionou que, durante o ano de 2013, Israel receberá um valor adicional de US$ 200 milhões para esse fim.

Segundo um estudo feito pelo jornal economico isralense The Marker, Israel é o país que recebeu a maior ajuda financeira dos Estados Unidos desde a Segunda Guerra Mundial. Desde a fundação de Israel, em 1948, o país recebeu o equivalente a US$ 233 bilhões dos Estados Unidos.