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Potente: espelho de 4,1 metros capta luzes distantes

O telescópio espacial Hubble está prestes a se aposentar, depois de 14 anos de trabalho. Para o Brasil, isso não vai fazer tanta diferença. Com a inauguração do telescópio Southern Astrophysical Research (SOAR), em Cerro Pachón, uma montanha dos Andes chilenos, os pesquisadores brasileiros poderão receber imagens do espaço com a mesma qualidade e definição daquelas enviadas pelo Hubble. Com a vantagem de tais informações chegarem por aqui em primeira mão. O SOAR é um telescópio de última geração, com espelho de 4,1 metros de diâmetro, resultado da parceria entre o Brasil e duas instituições de pesquisa dos EUA, que consumiu cinco anos de trabalho e cerca de US$ 28 milhões, só na construção. Sem contar os gastos operacionais nos próximos 20 anos. O Brasil entrou com US$ 12 milhões. Tal investimento garante ao País um terço de participação e assegura aos astrônomos a utilização do telescópio em 120 noites por ano. “É o maior salto da astronomia brasileira em todos os tempos”, diz Albert Bruch, diretor do Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA), que vai gerenciar a participação nacional no projeto.

O SOAR vem atender às necessidades de uma área da ciência que não pára de crescer, a astronomia. Se há 30 anos havia apenas meia dúzia de doutores astrônomos, hoje eles são mais de 300 no País, além das centenas de estudantes ávidos por desvendar os mistérios do Universo. Especializado em registrar imagens em infravermelho, o telescópio vai permitir a observação de corpos celestes muito distantes ou com pouca luz, o que anima os pesquisadores. “Quanto mais longe conseguimos enxergar, mais próximos estaremos da origem do Universo”, diz Mariângela Abans, da LNA. Até agora, a maioria dos estudos era feita nos dois principais telescópios brasileiros: o do Observatório do Pico dos Dias, em Minas Gerais, e os Gemini Norte e Sul, localizados respectivamente no Havaí e no Chile, perto de onde está o SOAR, num dos melhores pontos de observação do mundo. Considerado de médio porte quando foi inaugurado, há 24 anos, o telescópio mineiro, de 1,6 metro, é usado nos estudos sobre a idade dos astros.

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Soar: Brasil tem direito a 120 noites por ano para observar estrelas

Fruto de um consórcio que reúne Brasil, Argentina, Austrália, Canadá, Estados Unidos e Grã-Bretanha e considerados dois dos melhores telescópicos do mundo, os Gemini Norte e Sul têm a mesma função do SOAR, a de enxergar através das nuvens de poeira cósmica que se formam enrtre as estrelas. Os dois Gemini são capazes de registrar objetos mais distantes e de luz fraca. Só que o SOAR tem equipamentos mais modernos. O único problema dos telescópios Gemini é que o Brasil tem uma participação de 2,5%, o que lhe confere apenas 14 noites por ano de observação. Por isso, a inauguração do novo telescópio SOAR no Chile é motivo
de comemoração. “O Brasil agora fica numa situação confortável, pronto para
realizar pesquisas de ponta”, afirma Bruch. As primeiras observações científicas
com o novo telescópio devem começar nos próximos meses. “Temos um time de primeira jogando na primeira divisão do campeonato”, diz João Steiner, diretor do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo e presidente do consórcio do SOAR.