De volta ao Brasil para uma temporada de trabalho, Suzana Werner revela que o namorado ainda sente dores no joelho e teme uma nova convulsão

Aos 21 anos, o maior desejo de Suzana Werner é provar que tem uma porção de neurônios funcionando direitinho na cabeça. E que não é apenas a Ronaldinha – como é conhecida pelas ruas de Milão, onde vive com o namorado há um ano e meio. Verdade que sua carreira internacional começou a decolar nas asas da fama do jogador, mas é verdade também que ela se esforça para não cair no ridículo. “Recusei várias propostas de trabalho na Itália porque eram feitas para a Ronaldinha. Não considero ser namorada do Ronaldo uma profissão”, diz. No Brasil, onde virou esporte mulher correr atrás de jogador de futebol em busca de dinheiro e fama, Suzana tem razão em querer ser mais do que uma sombra. Antes de ser sua namorada, ela já era conhecida como musa do verão carioca – a lourinha que batia um bolão nas praias do Rio e no futebol feminino do Fluminense. Menina de classe média que começou a trabalhar aos oito anos como modelo, Suzana está de volta para uma temporada de sol e batente. Na quarta-feira 6, montou acampamento na Barra da Tijuca. Vai suar o mês inteiro co-apresentando o programa H de Verão, da Bandeirantes, um de seus inúmeros projetos. Nesta entrevista, revela sua dificuldade em ser levada a sério na Itália, acusa a comissão técnica de ter sido irresponsável e lembra detalhes da data que todo mundo quer esquecer: o dia em que Ronaldinho teve uma convulsão e o Brasil perdeu a Copa.

ISTOÉ – Como foi seu reencontro com Ronaldinho depois da final da Copa?

Suzana Werner

Logo depois do jogo, liguei para ele. Eu estava saindo do estádio e entrando no metrô. Disse para não ficar triste, tentei confortá-lo. Ronaldo me respondeu: “Vou te contar uma coisa, mas não fique assustada, nem fale para ninguém.” Fui ficando mais nervosa ainda, até que ele finalmente contou o que tinha acontecido. Disse que deitou para dar uma descansada e acordou sem entender nada. Falaram para ele tudo aquilo, da língua enrolada, da convulsão. Só conseguimos nos encontrar às cinco da manhã. Fui na concentração e ele não estava no quarto, onde dormia com o Roberto Carlos. Fiquei procurando um tempão, até descobrir que ele estava dormindo no quarto do Dida.

ISTOÉ – Ele ficou magoado com o Roberto Carlos?

Suzana Werner

Não sei. Só sei que foi procurar um ombro amigo e o Dida é um dos melhores amigos dele.

ISTOÉ – Por que ele insistiu em jogar?

Suzana Werner

Qualquer atleta na posição dele faria a mesma coisa. Ele teria virado o rei da Copa. Eu mesma, uma vez, tirei o gesso da perna e fui jogar no Maracanã. Quando ele me contou o que tinha acontecido, nós brigamos feio. Eu disse que ele era um idiota, que poderia ter morrido. Se todo mundo soubesse antes, aceitaria com mais naturalidade, daria uma força. Foi uma opção dele, mas não devia ter jogado. Foi a maior falta de ética e profissionalismo da comissão técnica.

ISTOÉ – Você acha que a responsabilidade foi do Zagallo?

Suzana Werner

Não sei se a culpa foi do Zagallo, do Lídio Toledo, da Nike…. Sei que alguém errou nessa história. E este foi o pior momento da vida do Ronaldo. Até hoje, ele tem medo de ter outra convulsão.

ISTOÉ – Qual o peso desse episódio sobre a carreira do Ronaldinho?

Suzana Werner

Não acho que tenha prejudicado de jeito nenhum. Só em relação ao prêmio deste ano de melhor jogador do mundo (da Fifa) que ele está chateado, porque sabe que não vai ganhar.

ISTOÉ – E o problema no joelho?

Suzana Werner

Ele está com problemas no joelho desde que voltou da Copa. Foi uma carga muito grande de exercícios. Ronaldo não é uma máquina de fazer dinheiro e de jogar bola. Ele continua atuando e não está se recuperando. Eu dou minha opinião, mas não me meto. Acho que ele precisa de repouso. Chegou num ponto em que tem de parar.

ISTOÉ – Até que ponto o seu relacionamento com o Ronaldo interferiu no desempenho dele durante a Copa?

Suzana Werner

Se o Brasil perdia, era porque o Ronaldinho não estava jogando bem. E, se ele não jogava bem, era porque eu estava fazendo mal a ele. Inventaram até que nossas mães tinham brigado. Me botaram como amante de milhões de homens. Mas eu mal botava os pés na França. Estava filmando na Itália e só pegava o avião para assisitir ao jogo, ia ao estádio e voltava na mesma hora. O problema todo foi o filme que estava fazendo. O Brasil perdia e a Suzana na Itália. Era um ótimo pretexto para me fazer de vilã, botar a culpa em mim. Mas não teve nada a ver.

ISTOÉ – Você soube do boato de que você e o jornalista Pedro Bial estariam tendo um caso durante a Copa?

Suzana Werner

Conheci o Bial no estádio e só o encontrava na hora de gravar. Ele foi muito legal comigo, mas, sinceramente, para mim é como se fosse um amigo do meu pai.

ISTOÉ – Houve alguma briga séria?

Suzana Werner

Graças a Deus, não. Ele me conhece, sabe bem quem eu sou. Não sou nenhuma maluca. Só uma idiota poderia fazer alguma coisa assim. Os boatos foram uma coisa absurda, de mau gosto. Ele saiu do Brasil muito feliz, mas já estava estressado. A gente estava muito bem, muito feliz. Depois dos boatos, eu quis colocar uma faixa no campo dizendo “Eu te amo”. Mas, quando ele soube, achou que não tinha nada a ver. Que ia parecer que eu estava me explicando.

ISTOÉ – Vocês estão morando juntos há um ano e meio. Ainda pensam em formalizar a relação?

Suzana Werner

Decidimos que eu iria para a Itália quando ficamos noivos. Eu não tinha escolha. Ou ficava com ele ou sem ele. Desde o primeiro dia em que começamos a namorar, começou esse inferno de perguntarem se vamos casar… Hoje, a gente se sente casado. Não temos pressa, mas queremos um casamento com véu e grinalda. A gente é supercatólico.

ISTOÉ – Como pessoas públicas, o assédio é comum para ambos. Vocês são muito ciumentos?

Suzana Werner

Ciúme a gente tem. Mas sabemos lidar com isso. E continuamos namorados. No dia 9 de dezembro, fizemos dois anos de namoro. Sempre que estamos separados, acordo pensando nele.

ISTOÉ – Você gostou de fazer o filme Mulheres de Branco?

Suzana Werner

Foi maravilhoso. Cinema é muito mais detalhado do que tevê. Você vê sua imagem numa tela enorme, e parece que as pessoas vão ver até a sua alma. O filme já está em cartaz na Itália e a repercussão foi legal. Fui assistir em várias cidades, inclusive com Ronaldinho. Me surpreendi com o resultado porque eu não falava italiano direito. Sou muito crítica comigo mesma, muito chata.

ISTOÉ – Qual era a sua personagem?

Suzana Werner

Sou uma das três protagonistas. Faço o papel de uma mulher de 30 anos, a Sabrina, muito romântica e apaixonada por um homem casado. Ele vive mentindo e dizendo que vai deixar a mulher para ficar comigo. Até que um dia, me canso dele e me junto a duas amigas para caçar o homem ideal. E com três mulheres solteiras querendo homem rola de tudo até uma dar em cima do homem da outra. O filme é muito engraçado. A gente tem um amigo gay que diz onde podemos encontrar homens ideais – no supermercado à tarde, no parque… É uma comédia bem italiana. Já foi vendida para a Europa, mas não sei se funcionaria no Brasil. O brasileiro não ia entender a história toda. Eu mesma só entendi o filme todo na terceira vez em que o assisti. As pessoas riam muito no cinema. Eu pensava: “Ué, era para rir?” Eu tinha feito algumas cenas super-séria e isso só fazia as pessoas rirem mais ainda. Elas riam também do meu sotaque.

ISTOÉ – Você acha que, se o filme passar no Brasil, algumas pessoas podem fazer um paralelo entre a personagem e você? Dizer que seu envolvimento com Ronaldinho também é para caçar marido?

Suzana Werner

Acho que isso não tem nada a ver. O filme mostra um problema que existe realmente. Mulheres que chegam aos 30 anos acham que vão ficar para titias. Tenho uma porção de amigas nessa situação. No meu caso, me apaixonei cedo, aos 15 anos. Tive um namorado que durou quatro anos, e só acabou porque ele faleceu. Depois, veio o Ronaldo. Sempre me joguei muito no amor. Quando acho que encontrei a pessoa certa, passo a me dedicar inteiramente a ela.

ISTOÉ – E sua vida profissional na Itália?

Suzana Werner

Sempre pintaram muitas propostas. Algumas, aceitei fazer, como o filme, alguns desfiles e fotos para revistas. Só fiz o que era muito bom e não tinha como recusar. Recusei várias propostas – não sou deslumbrada e sei que podia me dar mal lá se alguma coisa não desse certo. Todos os melhores canais me ofereceram programas, como o Domenica In, o Faustão de lá. Mas não dominava o italiano tão bem assim.

ISTOÉ – Mas você aceitou fazer um programa na RAI…

Suzana Werner

É verdade. Gosto do canal porque ele passa no Brasil (é transmitido pela rede por assinatura NET). Profissionalmente, isso é bom para mim.

ISTOÉ – De todos os seus trabalhos, o que você mais gosta?

Suzana Werner

Eu realmente me identifico mais com moda. Gosto de desfilar e de ser modelo fotográfico. Comecei com oito anos e aos 14 já era profissional. Acho que nunca vou parar de trabalhar com isso.

ISTOÉ – Você vai gravar um CD?

Suzana Werner

O Michael Sullivan está produzindo o meu CD, para eu virar cantora. O problema é que a minha voz é muito rouca e eu tenho que fazer aulas de canto. Mas gravar, eu gravo. O CD tem uma levada bem pop. E tem até uma música com letra minha e arranjo do Sullivan, chamada Quero,quero. Vai estourar neste verão.

ISTOÉ – Você acha que tem mesmo jeito para música?

Suzana Werner

Dos oito aos 13 anos, eu toquei violão, tamborim… Sempre tive musicalidade. Abandonei porque todo mundo achava bonitinho aquela menininha tocando e eu tinha obrigação de tocar em toda festa.

ISTOÉ – Também na Rede Bandeirantes apresentando o H de Verão…

Suzana Werner

Vai ser como no ano passado, mas muito melhor. Às duas da tarde, eu faço um programa gravado e, às oito da noite, entro ao vivo, diariamente, na Praça do Ó, na Barra da Tijuca, com umas duas mil pessoas e com as bandas Eva, Molejo, Terra Samba…Vou ficar direto na praia. É tão legal… No ano passado, até minha avó foi. Depois que fechei com a Band, a Globo me chamou para fazer o Fantástico. Fiquei triste, mas tive de recusar.

ISTOÉ – Quanto vai receber?

Suzana Werner

Eles pagam muito bem. Mas não digo quanto vou ganhar. Só digo que trabalho desde cedo e ainda não consegui comprar meu apartamento. Mas os três carros da minha casa foram comprados com o suor do meu trabalho. Minha família é de classe média. Nunca fomos ricos.

ISTOÉ – Qual é a diferença entre a Suzana na Itália e a Suzana no Brasil?

Suzana Werner

Aqui, as pessoas sabem que eu sou a namorada do Ronaldo, mas conhecem os dois lados. Lá fora é complicado. Não considero ser namorada do Ronaldinho uma profissão. Por isso, quando recebo uma proposta que não é para mim, é para a “Ronaldinha”, eu não aceito. O problema é fazerem esta distinção.

ISTOÉ – Você sente falta do Brasil?

Suzana Werner

Não. Sinto falta dos amigos e da família. Quando chego, quero abraçar todo mundo. Mas é verdade que igual aos brasileiros não existe.

ISTOÉ – Já se acostumou a passar boa parte do tempo sozinha na Itália?

Suzana Werner

Prefiro passar dez dias sozinha e quatro com o Ronaldo do que ficar sempre longe dele. Para preencher meu tempo, estou fazendo um curso de sapateado e outro de administração de empresas. É um curso que dura pelo menos um ano e tem até aula de datilografia. Quem sabe amanhã não vai servir para eu administrar meu próprio dinheiro?

ISTOÉ – Ronaldo ajuda na casa? Sabe cozinhar, por exemplo?

Suzana Werner

Cozinhar? (Risos.) Ele mal tem tempo para comer… Não frita ovo nem faz café… Só sabe fazer misto quente! Ronaldo é como qualquer garoto da idade dele (está com 22 anos). É que nem meu irmão. Nada de lavar cueca, tirar short e guardar no lugar… Sempre teve mãe para fazer tudo. Às vezes, reclamava. Dizia: “O que você ficou fazendo que não arrumou essa parte da casa?” E é difícil manter tudo arrumado. Todo dia chega presente de fã, principalmente para ele. Bombom, ursinho de pelúcia, cartas, roupas, comida. E a gente vai entulhando. A casa é enorme. Tem três andares, quatro quartos, sala de ginástica, piscina… Durante um ano, eu lavei louça, cozinhei, tirei o pó. Tinha todo o tempo para me dedicar a ele e à casa. Não queria uma pessoa estranha. Até que minha mãe sugeriu que eu levasse a Luiza, nossa empregada há muitos anos e minha segunda mãe, para ser minha super-secretária lá. Não posso reclamar do Ronaldo, porque ele é supercarinhoso. No dia dos namorados, me surpreendeu com flores.

ISTOÉ – Você costuma ser muito paquerada?

Suzana Werner

Lógico que já me paqueraram na rua e até pediram meu telefone, sem saber quem eu era. Mas nos estádios, sempre tem um engraçadinho que diz: “Che figata.” É uma expressão que tem dois sentidos. Talvez seja meio vulgar. Acho que no Brasil a gente poderia traduzir como “gostosa”.