O empresário Marcelo Ramos de Oliveira, 27 anos, tornou-se o mais recente aventureiro a descobrir a América ao chegar a São Paulo no dia 26 de novembro, depois de 270 dias de uma viagem de caminhonete, que começou em São Paulo, passou pelo extremo sul da Argentina e foi até o Alasca. “Quero que meu projeto abra as portas e incentive quem quer fazer algo parecido”, diz ele. Até o ano passado, Marcelo era um executivo engravatado que sonhava em velejar pelo mundo, mas trabalhava como analista financeiro. Até que resolveu botar seus planos no papel – trajeto, orçamento e objetivos – e saiu em busca de patrocínio. A Ford aceitou a idéia, cedeu uma picape Ranger 4×4 cabine dupla e mais US$ 39 mil. “Tive a sorte de procurar a pessoa certa e o mérito de levar todo o projeto detalhado”, diz Marcelo, que calcula ser possível, com um bom carro, fazer a viagem em dez meses com um orçamento entre US$ 15 mil e US$ 20 mil dólares”.

Marcelo investiu boa parte do patrocínio na produção de um site na Internet, o www.fordventure.com.br, e numa assessoria de imprensa. Ele partiu em fevereiro com amigos e, a partir do Chile, seguiu sozinho. “Acabei realizando uma dupla jornada: uma pela América, outra interior, de autoconhecimento”, diz ele, que acabou dando carona a cerca de 15 mochileiros no total do trajeto e chegou a receber 50 e-mails num só dia. Nos nove meses em que esteve fora de casa, Marcelo dormiu muitas vezes em estradas e em acampamentos e seu cardápio básico era sanduíche de atum e macarrão, macarrão e… macarrão. O pior imprevisto foi no Canadá numa cidadezinha perto de Vancouver. “De madrugada, quebraram dois vidros da caminhonete. Por sorte eu acordei e o ladrão fugiu só com uns 60 CDs”, lembra ele, que escapou por um triz de perder todo o seu equipamento (um laptop, uma câmera de vídeo VHS, duas câmeras fotográficas, um GPS e aparelho de som, no valor de US$ 10 mil), guardado no carro. Ele entrou de volta no Brasil pela Amazônia. Na viagem de barco de quatro dias, entre Manaus e Belém, refletiu sobre toda a experiência. “Viver para mim não é mais ficar trancado em um escritório”, diz Marcelo, que pretende escrever um livro para quem sonha em fazer uma viagem parecida. “O fundamental é a motivação, falar com as pessoas sem medo e estar aberto para tudo”, receita.