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A adolescente Nayara Silva, 15 anos, recebeu alta na quartafeira 22 do hospital onde permanecia internada desde o fim trágico do seqüestro de Santo André, que vitimou a jovem Eloá, morta a tiros pelo ex-namorado Lindemberg Alves. A ida de Nayara para casa poderia encerrar esta triste história. Mas ela ainda terá desdobramentos. A ação do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), criticado por deixar Nayara retornar ao cativeiro, e as circunstâncias da entrada da polícia no apartamento onde eram mantidas as reféns ainda precisam ser esclarecidas. A questão principal é o que motivou a invasão do local.
Inicialmente, o Gate disse que decidiu entrar no cativeiro após ouvir um tiro disparado dentro do apartamento, mas depois admitiu outra hipótese ao ser confrontada com o depoimento de Nayara. Ao falar à polícia, ainda no hospital, Nayara negou ter havido disparo de arma de fogo por Lindemberg momentos antes da invasão do Gate. “Ela pode ter se confundido e nós também. Pode ter sido um barulho como um rojão em outro lugar”, reconheceu o coronel Eduardo Felix, chefe da operação. Caberá aos peritos da Polícia Técnico-Científica determinar o que de fato aconteceu minutos antes das 18h08 daquela sexta-feira. A reconstituição do crime ajudará a elucidar os pontos obscuros. Enquanto isso, Lindemberg segue preso na Penitenciária II de Tremembé, no Vale do Paraíba.
Durante o desenrolar do caso, causou surpresa a notícia de que o pai de Eloá, Everaldo Pereira dos Santos, é foragido da Justiça de Alagoas. Ex-cabo da PM, ele é acusado de ter integrado um grupo de extermínio e de ser o assassino do então delegado Ricardo Lessa, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa. Everaldo, que nega tudo, está foragido e usava o nome falso de Aldo José da Silva. “Ele tem medo de voltar a Maceió porque tem certeza de que morrerá”, diz o advogado Ademar Gomes, que aguarda a chegada de uma cópia do processo. Só então irá decidir se entra com pedido de habeas- corpus para que o cliente responda ao processo em liberdade. Everaldo ainda não sabe se irá se entregar. “Como os crimes foram cometidos em 1991, eles prescrevem em três anos”, diz o advogado.

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