Sua Santidade, o cabo eleitoral

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Os cientistas políticos do Planalto estão convencidos de que a eventual escolha de dom Odilo Scherer como papa pode ter um impacto direto na campanha presidencial. Hoje candidato a um novo mandato no Palácio dos Bandeirantes, o governador Geraldo Alckmin ganharia nova estatura. Católico durante o mandato inteiro, e não somente em campanhas eleitorais, Alckmin é amigo de dom Odilo e tem boas relações com vários bispos. Exagerando na comparação, os petistas lembram que, se o polonês João Paulo II ajudou a derrubar o regime comunista em sua Polônia natal, é muito possível que dom Odilo possa ser tentado a fazer o mesmo contra o PT no Brasil.  

Vitória a jato
Investigado num processo que corre no Supremo Tribunal Federal (STF), o empresário Ricardo Magro, dono da Refinaria de Manguinhos, acaba de conseguir um bom acordo com o governo do Paraná. As dívidas com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) das empresas de Magro no Estado cresceram exponencialmente depois que o PSDB de Beto Richa assumiu a gestão estadual. No início de 2013, Magro cancelou os pagamentos e entrou com pedido de recuperação judicial. O pleito foi examinado por um juiz da pequena comarca de Araucária e aprovado em 14 dias.

Charge

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Militares superiores
As Forças Armadas preparam uma operação de guerra para tentar mudar o texto da PEC 358/05, que trata da chamada “segunda reforma” do Judiciário. Está prevista a redução do número de cadeiras do Superior Tribunal Militar. Com 15 ministros, o STM é maior em composição que o próprio Supremo Tribunal Federal, que tem 11. Uma herança da ditadura que consome quase R$ 400 milhões por ano para julgar pouco mais de 150 processos.

Dilma quer o Rio
Convencido de que o eleitorado fluminense terá um peso estratégico em 2014, o Planalto não quer ser acusado de entregar o Estado à própria sorte na guerra dos royalties. Já se estuda, no governo, a inclusão de emenda numa medida provisória capaz de amenizar as perdas produzidas pela queda do veto presidencial. Talvez produza resultado, talvez não dê em nada. Mas fará barulho a favor do Rio e é isso que o governo quer.

O bullying de Quintão
O deputado federal Leonardo Quintão (PMDB-MG) está pressionando a cúpula do partido para ser indicado ao Ministério dos Transportes. Todos os dias, pela manhã, ele passa no gabinete do presidente do Senado, Renan Calheiros, e depois no do líder Eunício Oliveira. À tarde, ele faz um périplo pelo gabinete do presidente da legenda, Valdir Raupp, e no início da noite vai ao vice-presidente da República, Michel Temer. Nas horas vagas, fica perambulando no cafezinho do Senado. Alguns peemedebistas já chamam o assédio político de bullying.

Agosto ou desgosto
Embora tenha dito à ISTOÉ que só lançaria sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto em janeiro de 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, está sendo pressionado por uma ala do PSB a antecipar esse anúncio para agosto. Alegam que as demais legendas, leia-se PT e PSDB, já começaram a procurar empresários dispostos a financiar suas campanhas no próximo ano. “Se Eduardo demorar, vai encontrar os cofres vazios”, comenta um cacique socialista.

Sarney volta às origens
Embora tenha prometido se aposentar, o senador José Sarney já se movimenta para lançar nova candidatura ao Senado. Só que, desta vez, pelo Estado do Maranhão. Sarney, que nunca mais pisou no Amapá, tem sido estimulado a prosseguir a carreira em sua terra natal. Tem o ap oio da filha Roseana, que está disposta a abrir mão da vaga para ficar como primeira suplente do pai.

Rápidas
* Dilma Rousseff sentiu a morte de Hugo Chávez também no plano pessoal. Em sua última visita à Venezuela, os dois conversaram por cinco horas.

* A descoberta de que George Gerdau tem emendas próprias ao projeto de abertura dos portos e não esconde isso de ninguém fez acender uma luz amarela no Planalto.

* Confirmado após um ano de batalha nos bastidores, o professor Luiz Moreira chega ao Conselho Nacional do Ministério Público como um crítíco reconhecido do procurador-geral, Roberto Gurgel.

Retrato falado

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“Eduardo Campos não nasceu ontem. O que ele está dizendo é que quer estar no jogo. Se ele sair para disputar e fracassar, o que será dele em 2018?”


O senador Walter Pinheiro (PT-BA) é daqueles petistas que não acreditam que Eduardo Campos quer mesmo disputar a Presidência em 2014. Ele acha que as articulações do senador têm outra finalidade: seguir na aliança com Dilma, mas numa posição mais forte.

Toma lá dá cá

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ELIANA CALMON, MINISTRA DO STJ

ISTOÉ – A sra. vai aceitar o convite do governador Eduardo Campos para concorrer ao governo da Bahia?
Calmon – Não houve convite. Para falar a verdade, não o conheço pessoalmente. Mas, desde que ele disse isso, perdi a paz. O PT baiano enlouqueceu, passou a me atacar e a plantar notícias contra mim. Nem sabem que meu domicílio eleitoral não é a Bahia, mas o DF.

ISTOÉ – Mas a política é ou não uma opção?
Calmon – Considero-me uma analfabeta política. Não conheço a máquina, acho que seria um pulo no escuro. Tenho uma trajetória na magistratura. Não quero que me enxerguem como uma governadorazinha oportunista. Eu me aposento em outubro de 2014, acho que vou escrever um livro e me filiar a uma ONG de combate à corrupção.

ISTOÉ – Como a sra. costuma votar?

Calmon – Votei no Fernando Henrique, no Lula e na Dilma Rousseff. Não tenho filiação partidária nem afinidade com nenhuma legenda. Em 2014? Vou de Dilma de novo.

Por um despacho

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Está nas mãos da ministra Rosa Weber o mandado de segurança 28.375 que suspendeu o concurso para cartórios em Goiás, realizado em 2008. O caso se arrasta há quase cinco anos. Goiás é o Estado mais resistente à decisão do CNJ de entregar o comando das serventias a profissionais concursados, acabando com a relação de interesse que norteou a ocupação desses serviços no passado. Muitos cartórios goianos, segundo a PF, estariam servindo a esquemas de corrupção que abalaram a República recentemente.

Portos eleitorais
Se Eduardo Campos ainda não tivesse subido no palanque de 2014, o Planalto teria disposição para negociar a manutenção do controle do porto de Suape pelo governo de Pernambuco. Avalia-se que, bem administrado, Suape é uma exceção entre os portos do País. Um acordo com o governador também ajudaria o Planalto a trazer a bancado do PSB para o seu lado, num conflito que está longe de ser favas contadas, na avaliação do governo.

Fotos: Claudio Gatti / AG. ISTOé; Fellipe Sampaio


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