A praia de Boa Viagem, no Recife, foi palco de mais um acidente. O surfista Alcindo de Souza Leão Júnior, 22 anos, foi mordido por um tubarão enquanto pegava ondas atrás dos recifes de corais, na segunda-feira 29. Com a panturrilha dilacerada, ele engrossou a lista de vítimas de ataques de tubarões nos 180 quilômetros de litoral pernambucano. Desde 1992, foram 46 casos, 14 deles fatais. Os cientistas dizem que não houve aumento de animais. O problema é que, em consequência das ações humanas, os tubarões são obrigados a se virar para sobreviver. Um estudo da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) aponta a degradação da costa e a pesca predatória como as principais causas dos ataques. “Na construção do Porto de Suape, uma extensa área de mangue foi destruída e os animais foram obrigados a buscar comida em outras regiões”, diz a bióloga Patrícia Pinheiro. Entre as espécies mais comuns no Nordeste estão o tubarão-tigre e o cabeça-chata, cujas mordidas têm a força de três toneladas. O governo do Estado proibiu a prática de esportes nas áreas de risco e já existem placas na praia para alertar os banhistas. “Para o tubarão, qualquer coisa que caia na água é alimento, nós é que temos de ter cuidado com ele”, diz Patrícia.