07/03/2013 - 11:10
A defesa do goleiro Bruno Fernandes descartou, na manhã desta quinta-feira, a possibilidade de o ex-jogador do Flamengo voltar a falar dentro de seu julgamento, que entra hoje no quarto dia, no Fórum de Contagem (MG), região metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o advogado Lúcio Adolfo, Bruno já prestou todos os esclarecimentos no interrogatório feito ontem, no qual admitiu que soube da morte de Eliza Samudio, mas negou autoria do crime.
O julgamento entra nesta manhã na parte final, com os debates entre acusação e defesa. Bruno poderia pedir para falar novamente, mas tal hipótese não é considerada pela defesa. A previsão é que as discussões durem até nove horas. Após essa parte, o júri vai se reunir, para definir se condena ou não Bruno e sua ex-mulher, Dayanne do Carmo. Após esse resultado, a juíza Marixa Rodrigues vai divulgar as penas dos réus, caso sejam condenados. A previsão é que tudo se defina na noite desta quinta-feira, podendo até mesmo se estender pela madrugada de sexta-feira.
“Não há possibilidade de o Bruno falar de novo. Tudo já foi esclarecido ontem”, afirmou Adolfo, ao chegar ao fórum.
Apesar de considerar que Bruno confessou participação no episódio da morte de Eliza Samúdio, Lúcio Adolfo disse ainda acreditar que seu cliente poderá ser absolvido. Para ele, faltam provas, no processo, de que Bruno tenha sido o mandante do crime. “Nossa estratégia, nos debates, será ouvir a promotoria, e depois, fazer os contrapontos necessários”, apontou.
O caso Bruno
Eliza Samudio desapareceu no dia 4 de junho de 2010 após ter saído do Rio de Janeiro para ir a Minas Gerais a convite de Bruno. Vinte dias depois a polícia recebeu denúncias anônimas de que Eliza havia sido espancada por Bruno e dois amigos dele até a morte no sítio de propriedade do jogador, localizado em Esmeraldas, na Grande Belo Horizonte. O filho de Eliza, então com quatro meses, teria sido levado pela mulher de Bruno, Dayanne Rodrigues. O menino foi achado posteriormente na casa de uma adolescente no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves.
Enquanto a polícia fazia buscas ao corpo de Eliza, um motorista de ônibus denunciou o primo do goleiro como participante do crime. Apreendido, jovem de 17 anos relatou à polícia que a ex-amante de Bruno foi mantida em cativeiro e executada pelo ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, conhecido como Bola, que a estrangulou e esquartejou seu corpo. Ainda segundo o relato, o ex-policial jogou os restos mortais para seus cães.
No dia seguinte, a mulher de Bruno foi presa. Após serem considerados foragidos, o goleiro e seu amigo Luiz Henrique Romão, o Macarrão, acusado de participar do crime, se entregaram à polícia. Pouco depois, Flávio Caetano de Araújo, Wemerson Marques de Souza, o Coxinha Elenilson Vitor da Silva e Sérgio Rosa Sales, outro primo de Bruno, também foram presos por envolvimento no crime.
No dia 30 de julho, a Polícia de Minas Gerais indiciou todos pelo sequestro e morte de Eliza, sendo que Bruno foi apontado como mandante e executor do crime. No início de dezembro, Bruno e Macarrão foram condenados pelo sequestro e agressão a Eliza, em outubro de 2009, pela Justiça do Rio. O goleiro pegou quatro anos e seis meses de prisão.
No dia 19 de novembro de 2012, foi dado início ao julgamento de Bruno, Bola, Macarrão, Dayanne e Fernanda. Dois dias depois, após mudanças na defesa do goleiro, o tribunal decidiu desmembrar o processo. O júri condenou Macarrão, a 15 anos de prisão, e Fernanda Gomes de Castro, a cinco anos. O julgamento de Bruno e de Dayane Rodrigues do Carmo, ex-mulher do goleiro e acusada de ser cúmplice no crime, foi remarcado para 4 de março de 2013. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que é acusado como autor do homicídio, teve o júri marcado para abril de 2013.