000_Mvd6500886.jpg

Os venezuelanos homenageavam nesta quarta-feira o falecido presidente Hugo Chávez, no primeiro dos três dias de funeral, antes do traslado do corpo para a Academia Militar de Caracas para que seus simpatizantes, assim como os governantes estrangeiros, possam dar o último adeus ao popular presidente que governou o país durante 14 anos.

Chávez morreu na terça-feira aos 58 anos no hospital militar de Caracas, depois de lutar contra um câncer que foi diagnosticado em junho de 2011 e pelo qual passou por quatro cirurgias em Havana.

Apesar das informações sobre a evolução "desfavorável" de seu estado nos últimos dois meses, a morte comoveu o país e milhares de seguidores de Chávez saíram às ruas ao tomar conhecimento da notícia, anunciada pelo vice-presidente Nicolás Maduro durante a tarde.

A imprensa venezuelana destaca nesta quarta-feira a dor das classes populares com a perda de seu carismático líder, que foi reeleito presidente pela terceira vez em outubro.

Cenas de choro eram observadas diante do hospital militar, onde Chávez estava internado, e local de verdadeira peregrinação de seus simpatizantes. Centenas de pessoas permaneceram em vigília durante a noite.

"Como Chávez não haverá outro, é o maior homem nascido nesta pátria", disse à AFP José Gregorio Conde, um morador de Caracas de 34 anos, nas proximidades do hospital militar.

"Era um homem muito bom e me fez muito bem. Gosto dele, tenho minha saúde por causa ele, pelos médicos cubanos que trouxe", disse, entre lágrimas, Iris Dicuro, 62 anos, que viajou de Puerto La Cruz (norte) até a capital.

"Eu quero me despedir porque ele era um homem bom, que deu tudo pelos mais pobres", completou a mulher, vestida com uma camisa vermelha, a cor do chavismo.

A Guarda Nacional cercou a entrada do hospital, onde uma grande faixa afirma: "Chávez vive, a revolução segue!".

O corpo será levado para a Academia Militar, considerada um segundo lar pelo ex-tenente-coronel, e as autoridades esperam centenas de milhares de pessoas nas ruas no trajeto de vários quilômetros que será percorrido pela comitiva fúnebre.

As ruas de Caracas amanheceram praticamente vazias, depois que todas as atividades públicas e privadas foram, assim com as estudantis, canceladas.

O chanceler Elías Jaua informou que uma capela fúnebre será instalada para permitir que o maior número possível de pessoas possam ver seu "pai, seu libertador, seu protetor".

O ministro da Defesa, Diego Molero, determinou que às 8H00 (9H30 GMT) todas as unidades de artilharia, navios e tanques da Força Armada Nacional Bolivariana disparassem 21 salvas de homenagem ao "comandante presidente".

Molero indicou que o caixão será escoltado por quatro cavalos ao deixar o Hospital Militar. Na chegada à Academia militar serão prestadas as "honras correspondentes", assim como 21 disparos de canhão em homenagem.

A cada hora um disparo de canhão será realizado em homenagem até o dia do enterro.

Os primeiros presidentes da América Latina começaram a chegar ao país para o funeral oficial, previsto para sexta-feira às 10H00 (11H30 de Brasília).

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e seu colega uruguaio, José Mujica, foram os primeiros a chegar à 5H00 (6H30 de Brasília), um pouco antes do boliviano Evo Morales, que foi recebido por Jaua.

O chanceler afirmou que o país amanheceu calmo e disse que 10 chefes de Estado confirmaram presença no funeral. Vários devem chegar ao país na quinta-feira.

Chávez, que assumiu a presidência em 1999, havia retornado de Havana em 18 de fevereiro, mas não foi visto nem ouvido, depois de ter passado por uma cirurgia em 11 de dezembro, a quarta desde o diagnóstico de câncer, cuja natureza e detalhes nunca foram oficialmente divulgados.

O governo prometeu que informará o local do enterro do presidente, natural do estado Barinas, na região oeste do país.

O ministro da Defesa já se pronunciou a favor de que o corpo de Chávez seja levado para o Panteão Nacional e permaneça ao lado do Libertador Simón Bolívar, ídolo do falecido presidente.

Jaua informou na terça-feira que Maduro assumirá a presidência temporária até a convocação da eleição, que ainda não teve a data anunciada pelo governo.

Maduro, de 50 anos, será o candidato governista nas eleições que devem acontecer em um prazo de 30 dias, como determina a Constituição, provavelmente contra o líder opositor Henrique Capriles, de 40 anos.