O presidente venezuelano colecionou muitos inimigos. Confira uma coletânea de discursos e trechos de entrevistas em que ele ataca presidentes americanos, Israel e os britânicos:

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O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, morreu aos 58 anos nesta terça-feira. A informação foi confirmada pelo vice-presidente Nicolás Maduro em cadeia de televisão pouco antes das 19h. Ontem, um boletim do governo informava que o estado de saúde do líder, operado quatro vezes de um câncer, havia piorado.

Hugo Chávez Frias nasceu em Sabaneta, no Estado venezuelano de Barinas, em 28 de julho de 1954. Era o segundo de seis filhos de uma pobre família, encabeçada por um professor de colégio, Hugo de los Reyes Chávez, e sua mulher, Elena Frías. Aos 17 anos, em 1971, entrou para a Academia de Ciências Militares da Venezuela, na qual se formou em 1975, ao 21 anos.

Formado, o jovem Chávez iniciou carreira dentro do Exército, na qual acumulou recomendações e chegou ao posto de Lugar-Tenente. Junto aos colegas, ficou famoso por discursos, nos quais começava a desenvolver críticas ao governo venezuelano, então baseado numa fórmula rígida de bipartidarismo . Foi no Exército que começou a cultivar o conceito do bolivarianismo, quando formou um grupo secreto, denominado Movimiento Bolivariano Revolucionario 200 (MBR).

Em 1989, Caracas foi o cenário de violentos protestos contra medidas neoliberais tomadas pelo governo do presidente Carlos Andres Perez com o objetivo de solucionar a crise econômica vivida pela Venezuela. Foi neste cenário que, em 1992, Chávez e outros militares tentaram um golpe de Estado. Numa manhã de fevereiro, cinco esquadrões de soldados tomaram partes de Caracas, incluindo o palácio presidencial Miraflores, mas falharam em manter o controle da cidade.

O golpe acabou neutralizado, e Chávez, preso. Antes do cárcere, Chávez foi entrevistado por jornalistas. Falando ao povo, começou a criar simpatia entre a população mais pobre da Venezuela. Em novembro do mesmo ano, simpatizantes da causa de Chávez tentam um novo golpe de Estado em um ataque aéreo contra o complexo presidencial do presidente. O ataque, que contou com o apoio de Chávez, acabou impedido pelas forças armadas leais a Perez.

O presidente, no entanto, não resistiu a um escândalo de corrupção que acabou o derrubando, em 1993. Rafael Caldera, vencedor das eleições de 1994, perdoou Chávez, concedendo-lhe anistia. O tenente saiu da prisão e, deixando a carreira militar de lado, entrou para a política. Em 1997, Chávez transformou o até então clandestino MBR em partido político, criando o Movimento da Quinta República.

Em 1998, já conhecido e contando com amplo apoio popular, Chávez concorreu e venceu as eleições presidenciais, com expressivos 56% dos votos no primeiro turno. Em 1999, em uma de suas primeiras ações, dissolveu o Congresso e convocou uma Assembleia Nacional Constituinte. Ele propôs e conseguiu implementar uma nova constituição, na qual mudava o nome do país para República Bolivariana da Venezuela, e abria espaço para uma série de projetos populares, facilitados pela ferramenta jurídica da Lei Habilitante. Uma das medidas mais marcantes foi a Lei de Hidrocarbonetos, que colocava em 51% a participação estatal no setor petrolífero.

A alteração da Constituição exigia que novas eleições fossem realizadas para a formação de um novo governo. Em 2000, Chávez e seus aliados foram eleitos sem dificuldades (o presidente inclusive superou o desempenho de 1998, abocanhando 60% dos votos).