Conheça, em vídeo, como serão os voos de duas empresas que levam passageiros para o espaço:

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SONHO
O consultor Wagner Dias garantiu lugar na fila e espera a sua vez de embarcar,
apesar de imbróglio entre uma operadora holandesa e sua representação no Brasil

A contagem regressiva para o envio dos pioneiros turistas brasileiros ao espaço chegou à casa dos meses. Com os primeiros voos marcados para 2014, o sonho de ver o planeta de muito alto e flutuar na gravidade zero está mais perto de alguns conterrâneos. Pelo menos um deles já garantiu lugar para participar da experiência há quase uma década. A possibilidade de um turista comum ir ao espaço foi inaugurada em 2001, quando o engenheiro americano Dennis Tito pagou US$ 20 milhões para se juntar à tripulação da nave russa Soyuz TM-32 e visitar a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), localizada a 400 km de distância da Terra.

De lá para cá, vários empresários se empenharam no desenvolvimento de outra modalidade de turismo espacial mais modesta, mas não menos emocionante: a dos voos suborbitais, que levarão os passageiros pouco acima do limite entre a atmosfera terrestre e o espaço. O passeio durará entre uma e duas

horas e meia e fará com que os viajantes experimentem altíssimas velocidades e a sensação de gravidade zero, além de poderem observar a curvatura do planeta. Entrar na fila para realizar esse sonho custa entre US$ 90 mil e US$ 200 mil.

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A pioneira nesse mercado é a Virgin Galactic, comandada pelo empresário inglês Richard Branson, que já tem 570 clientes. A primeira viagem havia sido prevista para 2007, mas foi adiada diversas vezes para a realização de testes. Agora, aparentemente preparada, a companhia aguarda liberação da Administração de Aviação Federal dos EUA (FAA) para iniciar suas operações no início de 2014. Segundo a GSP Travel, a primeira agência de turismo do Brasil a vender um bilhete espacial, o pacote da Virgin inclui um treinamento de três dias para assegurar que o viajante terá saúde mental e física para embarcar. 

O topo do pódio de primeiro brasileiro a fazer esse passeio radical pode ser ocupado pelo piloto da Stock Car Rubens Barrichello. Em 2009, quando corria na Fórmula 1 pela Brawn, Rubinho firmou um acordo com a Virgin, patrocinadora da equipe, e trocou a participação em ações de marketing pela promessa de uma passagem. “Para mim é um prazer imenso estar envolvido, porque sempre quis ir para o espaço”, disse Barrichello. Quem também está com a passagem na mão é Wilson da Silva, jornalista brasileiro radicado na Austrália e um dos fundadores da revista de ciência “Cosmos”. Ele ganhou a viagem de seu sócio, o neurocientista e empreendedor Alan Finkel. Os tíquetes foram comprados em 2004, ou seja, a espera já dura quase dez anos. “Gastei mais tempo dando entrevistas sobre a viagem do que a duração do voo”, brinca. O jornalista já passou por um treinamento nos EUA para se preparar. “Entramos em uma ‘centrífuga’ gigante que ficava girando e fizemos muitos exames médicos”, conta. Para viajar não é preciso ter um preparo físico específico, basta não ser portador de nenhuma doença grave e estar com o coração e a pressão em dia.

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Outro brasileiro que sonha com o espaço é o palestrante motivacional Wagner Dias, consultor da operadora de turismo My Travel and Cash. No ano passado, a empresa firmou um acordo para representar a companhia holandesa Space Expedition Corporation (SXC), que se prepara para iniciar seus voos suborbitais no segundo semestre de 2014 e já vendeu 205 tíquetes pelo mundo. O combinado incluía a compra de uma viagem espacial para Dias a preços facilitados, mas a parceria azedou. A SXC afirma ter rescindido o acordo, enquanto a MT alega que detém, por contrato, o direito de finalizar o pagamento do voo do consultor. Enquanto o imbróglio não se resolve, Dias aguarda a sua oportunidade. “Quem nunca sonhou com isso? Nós assistíamos a ‘Os Jetsons’ e ‘Guerra nas Estrelas’ quando crianças”, diz.

Apesar do impasse, a SXC continua apostando no mercado brasileiro. A empresa tenta fechar um acordo com uma estrela da tevê nacional – que deve ser anunciada em até duas semanas – e lançou um concurso em parceria com a marca de desodorantes AXE para levar as 22 pessoas mais votadas pelo seu site para o espaço. Gente do mundo inteiro pode se inscrever, e um dos contemplados virá do País. “Talvez no futuro tenhamos uma base de lançamentos no Brasil”, afirma Reinhard Spronk, chefe do departamento comercial da SXC.

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Até o astronauta Marcos Pontes, o primeiro brasileiro que viajou para o espaço em 2006, entrou na dança. O tenente-coronel montou uma agência para vender o pacote da Virgin, além de comercializar voos em jatos supersônicos e visitas à Cidade das Estrelas, centro de treinamento de cosmonautas na Rússia. “Percebi essa demanda porque muita gente me procurava para conversar sobre o espaço. Via que era o sonho de muitos”, disse à ISTOÉ. Provavelmente um turista brasileiro chegará ao espaço antes que Pontes volte para lá. De acordo com a Agência Espacial Brasileira, pelo menos até 2020 não há nenhum plano de enviar um segundo astronauta brasileiro para fora do planeta. “O maior êxito da missão de Pontes foi despertar o interesse nacional para as nossas atividades espaciais e mostrar a capacidade técnica brasileira de realizar experimentos em ambiente de microgravidade, mas o objetivo do Programa Espacial Brasileiro hoje é colocar satélites nacionais em órbita, com foguetes produzidos no Brasil, a partir de um centro de lançamento próprio”, diz José Raimundo Coelho, presidente da AEB. Por enquanto, para ir ao espaço, só pagando do próprio bolso.