01/03/2013 - 21:00
Serra vem na pesquisa
A equipe de João Santana, marqueteiro de Dilma Rousseff, está tão convencida de que José Serra vai disputar a Presidência
em 2014 que decidiu incluir seu nome na próxima rodada de pesquisas de intenção de voto. A previsão é que, mesmo dando sinais contraditórios no momento, Serra deve acabar saindo pelo PPS, o antigo partido comunista. Até o asfalto de Brasília sabe que desta vez Aécio Neves não tem alternativa – ou disputa a Presidência pelo PSDB, ou cala-se para sempre.
Brizola Neto sem oxigênio
Neto de um dos grandes patronos do trabalhismo, Brizola Neto enfrenta uma crise de anemia política no Ministério do Trabalho. Detestado por Carlos Luppi, a quem substituiu, não conseguiu apoio da outra liderança do PDT, o deputado Paulinho, da Força Sindical. Sonhando com uma vaga de vice na chapa do presidenciável tucano Aécio Neves, em 2014, Paulinho fechou acordos com o PSDB em São Paulo e Minas Gerais, reservando o grosso da pancadaria contra o governo que Brizola Neto tenta defender.
Charge
A reabilitação de Klein
Depois de vários dramas de natureza pessoal, o ex-ministro Odacir Klein reaproxima-se do poder. Ele foi convidado pelo vice-presidente Michel Temer para assumir o Ministério da Agricultura na reforma ministerial. Lisonjeado, declinou do convite, mas aceitou o segundo posto na pasta, de secretário-executivo. Há outros pretendentes, mas Temer considera Klein favorito.
Velocidade na África
A viagem de Dilma Rousseff à África convenceu o governo a andar rápido na assinatura de acordos e tratados naquele continente, em particular com a Nigéria, país com 162 milhões de habitantes, e carência de alimentos, indústrias e investimentos. Uma missão de diplomatas e empresários brasileiros deveria visitar a Nigéria em setembro. A viagem foi antecipada para maio.
O custo mensalão
Dados da execução orçamentária do STF informam os custos do mensalão. Gastos extras com locação de mão de obra e serviço técnico elevaram em 41%, ou R$ 27,8 milhões, a folha de despesas correntes do Tribunal. No terceiro quadrimestre de 2011, o Supremo aplicou R$ 66,2 milhões nas despesas correntes. Em 2012 foram
R$ 94 milhões.
Desoneração na mídia
Os principais grupos de comunicação também se mobilizam para desonerar a folha de salários, livrando-se da contribuição patronal ao INSS. As conversas com Dilma já começaram. Como aconteceu em outras áreas, é provável que o setor obtenha o que pretende.
Toma lá dá cá
A senadora Kátia Abreu (PSD-TO) passou a semana em articulações para aprovar a Medida Provisória que prevê a abertura de portos, que deve ser votada em abril em Comissão Mista do Senado e da Câmara antes de ir a plenário.
ISTOÉ – A sra. está otimista?
KATIA – Meu cálculo é que a medida provisória será aprovada por uma maioria ampla. É difícil discordar de que é uma alternativa para ampliar nossa capacidade portuária. Só a movimentação de contêineres, que cresce 12,5% ao ano, mostra que precisamos dobrar nossa capacidade em seis anos.
ISTOÉ – Onde estão as dificuldades?
KATIA – Elas podem vir depois da votação. O problema maior, hoje, são exigências ambientais que podem paralisar um projeto por vários anos. Há um projeto no porto de Paranaguá que está parado há quatro anos em função disso. Claro que a preocupação ambiental é legítima. Mas não pode ser resolvida a partir de uma visão radical.
ISTOÉ – Alguns sindicatos também estão contra.
KATIA – O receio é menor. É fácil mostrar que os trabalhadores nada perdem com o projeto. Na questão ambiental é tudo mais complicado: você pode ganhar e não levar. Vence o debate político, mas acaba empatado num emaranhado de exigências que envolvem prazos apertados, uma legislação rigorosa e um Ministério Público que pode assumir uma postura fora da realidade.
Rápidas
* O Palácio do Planalto acha que a febre pós-mensalão passou e que o ministro do STF Joaquim Barbosa não será candidato à Presidência da República em 2014.
* Salvo eventos realmente imprevisíveis, apostas na saída do ministro Guido Mantega, da Fazenda, são vistas como puro exercício de fantasia em Brasília.
* Se a campanha para governador de São Paulo fosse hoje, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, só não seria candidato do Partido dos Trabalhadores se preferisse seguir na Esplanada dos Ministérios.
Retrato falado
“Não quero tomar essa decisão sozinho”
Num esforço para conter a frustração do PSD com o modesto prêmio de consolação oferecido por Dilma Rousseff – a Secretaria de Aviação Civil –, Gilberto Kassab decidiu promover uma consulta às bases. Quer ouvir os diretórios antes de anunciar se o PSD entra de vez na base do governo – ou fica de fora. “Não quero tomar essa decisão sozinho.”
Problema roxo
O senador Gim Argello (PTB-DF) vem tentando emplacar Paulo Roxo no comando da Conab, mas está difícil. É que Roxo é réu no inquérito da operação Caixa de Pandora, que prendeu o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda.
Jantando com o bicheiro
O Conselho Nacional de Justiça acompanha, em segredo, os passos de um juiz federal de Mato Grosso do Sul, que de uns tempos para cá passou a frequentar a residência de um contraventor do jogo do bicho. As reuniões ocorrem no meio da semana, na presença de desembargadores e parlamentares. Come-se bacalhau e joga-se carteado, enquanto policiais federais fazem a guarda do lado de fora da residência.
Fotos: Valter Campanato/ABr; Adriano Machado; Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Colaboraram: Josie Jerônimo e Izabelle Torres.