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AVENTUREIRO
O navegador norueguês Thor Heyerdahl (abaixo) e a balsa
com a figura do deus Kon-Tiki na vela: 101 dias em alto-mar

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O que faz um homem lançar-se ao oceano, numa aventura desbravadora e de riscos imponderáveis? Faça-se essa pergunta a qualquer navegador e a resposta será sempre a mesma. Trata-se do gosto inveterado para descobrir novas paisagens, nada diferente daquilo que os portugueses já celebraram com Fernando Pessoa: “Navegar é preciso, viver não é preciso.” É esse o mesmo motivo que levou o norueguês Thor Heyerdahl ao mar em 1947. Pesquisador especializado em zoologia e que mal sabia nadar, ele montou uma jangada e, com cinco companheiros, atravessou os oito mil quilômetros que separam a costa do Peru das ilhas da Polinésia. Seu objetivo era provar a controversa tese de que povos pré-históricos da América do Sul podiam ter habitado aquela região. A aventura rendeu um documentário premiado com o Oscar em 1951, um novo filme este ano e o lançamento do livro “A Expedição Kon-Tiki” (José Olympio), escrito pelo próprio Heyerdahl (1914- 2002).

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Foi ao observar achados arqueológicos durante uma estada na Ilha de Páscoa, no Oceano Pacífico, que o explorador teve a sua grande intuição. As peças pareciam ter integrado a cultura inca, indicando assim que os povos primitivos possuíam conhecimentos marítimos para grandes deslocamentos. Uma lenda serviu de inspiração para a viagem e deu nome à expedição: a que trata do deus Kon-Tiki, expulso do Peru e refugiado nas ilhas do Pacífico. Na manhã de 28 de abril, a jangada de Heyerdahl zarpou e passou 101 dias no mar até chegar ao atol Raroia, na ilha Tuamotu. Ele e os cinco navegantes, acompanhados de um papagaio mascote, sobreviveram a tempestades e, para se alimentarem, pescavam tubarões com uma técnica inédita: seguravam a cauda do peixe, fazendo com que perdesse a força e o equilíbrio. Thor faz jus, assim, ao seu primeiro nome: significa nada menos que deus do trovão.

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PESCA PRIMITIVA
Seguindo informações de que os incas saíam em jangadas para pescar atum e dourado,
Heyerdahl desenvolveu uma técnica inédita. Dispensando anzóis, ele amarrava peixes
voadores a cordas e os jogava na água, atraindo assim os cardumes. Esse método,
e também o de capturar tubarões (foto), é mostrado no filme que estreia no dia 29.