É sabido que os mexicanos mantêm uma relação cordial com a morte. Tanto que as festas e a arte popular do país são povoadas por caveiras coloridas e risonhas. Na sua peculiar mitologia, porém, o imaginário mexicano produz seres ainda mais bizarros como o quarteto de monstros criados por Felipe Linares – artista muito conhecido no México e falecido há alguns anos. Batizado de Alebrijes, o bestiá-rio de Linares desponta na capa do livro Pavilhão da criatividade – Memorial da América Latina (Empresa das Artes, 160 págs., R$ 50), que registra em exuberantes fotografias boa parte do rico acervo do Pavilhão da Criatividade – museu concebido pelo antropólogo Darcy Ribeiro, dentro do Memorial da América Latina em São Paulo –, que reúne mais de três mil peças artesanais do Brasil, México, Guatemala, Peru, Equador e Paraguai. A coordenação do livro coube à fotógrafa inglesa radicada no Brasil, Maureen Bisilliat, que também é curadora do pavilhão. Sob os cliques de Calazans Luz e Renato Soares, as peças e vestes estão colocadas num contexto cênico que reforça o sentido místico. O acervo, que quase inteiramente remete à situações sacras, foi adquirido de uma só vez, numa viagem de Maureen aos seis países, em 1988. Na ocasião, as despesas com a empreitada alcançaram US$ 180 mil.