O projeto de viajar para Israel já era antigo. Queria percorrer os caminhos de Cristo e fazer uma grande reportagem para meu programa. Há anos eu planejava esta empreitada, mas parecia algo muito complicado. Por acaso ou presente do destino, acabei encontrando um aliado. Durante uma conversa com meu amigo padre Marcelo Rossi, descobri a primeira coincidência desta viagem. Para ele, o roteiro também representava um sonho. Mais do que isso, os olhos de nosso padre famoso brilharam com a possibilidade. Ganhei mais coragem e motivação.

Comecei viajando pela Internet e comprando guias e mais guias na tentativa de bolar um roteiro completo. Foi quando encontrei o livro Nazaré, escrito por Sérgio Motta. Logo nas primeiras páginas me encantei com a história e, em pouco mais de um dia, devorei o texto. Graças a um contato via e-mail, nos conhecemos e, em questão de horas, Sérgio aceitava meu convite para nos acompanhar como guia nesta que seria uma das mais importantes viagens de minha vida.

Conseguimos a façanha de percorrer mais de 500 quilômetros em apenas quatro dias. Em Nazaré, cidade onde um anjo anunciou o nascimento de Jesus, começou nossa peregrinação. Conhecemos a Basílica da Anunciação e as Igrejas de São José e Cana (cenário da transformação de água em vinho, primeiro milagre do Messias). No caminho, uma parada obrigatória para abandonar o regime e se render ao pecado da gula provando a enorme variedade de doces vendidos nas lanchonetes e armazéns da cidade. Mais 42 quilômetros até Tiberíades onde lugares como Cafarnaum, Tagbha (multiplicação de pães e peixes) e Monte das Beatitudes (Sermão da Montanha) me fizeram descobrir qual é o som da paz de espírito.

O passeio de barco pelo mar da Galiléia veio na sequência. O segundo dia estava reservado para percorrer a via sacra. Totalmente dispostos a caminhar no silêncio da manhã, saímos todos pelas ruas de uma Jerusalém ainda adormecida. O relógio marcava seis horas e pudemos percorrer quase todo o percurso num silêncio delicio-so. Éramos 15 brasileiros mergulhados em uma história em comum. Em cada parada, padre Marcelo nos explicava com detalhes as passagens da Bíblia referentes àquele lugar. Cada um, em seu momento certo, meditou, rezou e chorou neste caminho marcado por uma lição de vida que vai muito além da fé cristã.

Onde quero chegar relatando esta via-gem? É simples. Independentemente de quanto você dispõe para gastar em uma viagem, vale a pena colocar uma mochila nas costas e percorrer cada canto daquele lugar. Jerusalém tem opções de hospedagem e alimentação para todos os bolsos. O que vale mesmo é a experiência de estar por lá. Voltei renovado por um batismo no rio Jordão e com meus propósitos de vida reavaliados graças a força de um lugar sagrado, sofrido, místico e, acima de tudo, abençoado por Deus, Jesus, Moisés e todos os profetas que pisaram na terra.