Depois da última quarta-feira, quando o senador Aécio Neves (PSDB-MG) elencou “13 fracassos” do PT e o ex-presidente Lula, na festa de dez anos do partido no poder, lançou sua sucessora Dilma Rousseff à reeleição, praticamente sepultando os rumores sobre sua eventual volta, deu-se a largada na corrida eleitoral de 2014 – um jogo em que os dois principais partidos tentam manter a polarização das cinco últimas disputas presidenciais, duas vencidas pelos tucanos e três pelos petistas.

Ainda que Dilma estivesse cercada de aliados, foram notadas algumas ausências importantes. O vice, Michel Temer, não estava lá e o PMDB mandou o senador Valdir Raupp (PMDB/RO). Do PSB, foi o vice Roberto Amaral, e não o presidente Eduardo Campos, que é cada vez mais presidenciável. Segundo um dos conselheiros do governador pernambucano, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), a fala de Lula praticamente liberou a candidatura de Campos. “Só havia uma hipótese de Eduardo não concorrer: Lula ser o candidato do PT e chamá-lo para ser vice”, afirmou. “Agora, ficou mais fácil e eu diria até irreversível.”

Portanto, há três nomes – Dilma, Aécio e Campos – e a lista pode aumentar muito mais. No PDT, o senador Cristovam Buarque (PDT/DF) acalenta o sonho de disputar novamente a Presidência, afirmando que PT e PSDB já não apontam visões de futuro para o País. No PV, Fernando Gabeira será candidato para ajudar o partido a eleger deputados. E há ainda a ex-senadora Marina Silva, que tenta coletar 500 mil assinaturas e criar sua Rede Sustentabilidade a tempo.

Só aí já são seis candidatos – o que torna a disputa de 2014 mais parecida com a de 1989, a primeira pós-redemocratização, do que com as posteriores. Naquele ano, foram 22 os candidatos inscritos, mas os que tinham alguma relevância não chegavam a dez. Eram eles Lula, Leonel Brizola, Mario Covas, Paulo Maluf, Ronaldo Caiado, Fernando Gabeira, Guilherme Afif Domingos, Ulysses Guimarães, e, claro, o vencedor Fernando Collor. Coincidência ou não, quem agora se apresenta novamente como candidato, num quadro em que as alianças se esfacelam na base governista e na própria oposição, é novamente ele: Fernando Collor de Mello, hoje um senador (PTB/AL) que se destaca no plano nacional.

Dilma, evidentemente, é favorita. Mas seu maior desafio é amarrar politicamente seus aliados antes que cada um decida partir para um voo solo.