(…) Há no Brasil uma coisa que é a força. É o fato de nós termos uma forte mobilidade social. Juscelino é neto de alguém que veio buscar a aventura nas Américas. Outros agraciados também vieram buscar a aventura nas Américas. Há sempre aqui um impulso de mobilidade. Essa é a nossa força, de construirmos uma sociedade aberta, que tem a capacidade de projetar. E, ao projetar, ver o mérito, ver a excelência, o caminho das pessoas. Nem sempre é assim. Nem todos ascendem, nem todos têm reconhecimento. (…) Eu não sei se haverá muitos lugares hoje no mundo em que seja possível como nós, aqui agora, nessa cidade, quase à moda renascentista, homenagearmos alguém que criou uma cidade. E que, ao criar essa cidade, teve o condão de chamar os melhores artistas do País, como é o caso de Niemeyer, e deixar marcas que vão perpetuar-se pelos séculos afora. Que, ao criar uma cidade, cria também uma espécie de síndrome permanente de um País que acredita em si mesmo. Eu não sei se haverá muitos lugares hoje que têm essa força que o Brasil tem e que esteja tão bem simbolizada como por Brasília. É alguma coisa de extraordinário que o criador de Brasília seja o homem do século. Tinha que ser o homem do século. Criou Brasília. E, ao criar Brasília, recriou o Brasil.

(…) É por isso que, ao vir aqui, eu me sinto feliz de poder cumprimentá-los – como fiz a cada um dos agraciados, a ISTOÉ, ao Domingo Alzugaray – e de dizer-lhes, como disse à Márcia: (…) Não vamos perder nunca de vista o exemplo desses grandes do século, que nós que aqui lutamos em Brasília, vamos estar a cada dia, ao olhar essa cidade magnífica, recordando de Juscelino, pedindo que ele continue a nos inspirar, a nos dar força, como País, para seguirmos em frente.”