Algo de estranho no reino governista
O cardápio do fatídico jantar de fim de ano do PMDB não foi composto só de palavrões e baixarias contra Fernando Henrique. Teve também momentos em que os peemedebistas falaram seriamente. É verdade que, sempre, com um toque apimentado em relação ao governo. Foi o caso do presidente do partido, Jader Barbalho, que evitou os xingamentos, mas deixou claro o tamanho da guerra aberta contra alguns dos ministros de FHC, especialmente os tucanos. Contou, por exemplo, que impediu de propósito a votação no Senado do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, o Fustel, cuja arrecadação estimada pelo ministro das Comunicações, Pimenta da Veiga, seria de cerca de R$ 150 milhões ao ano. Ao deixar de votar o projeto nesta semana, ele agora só volta à pauta em 2000, passando a valer apenas para 2001. Explicação singela de Jader: “Não ia deixar essa grana toda nas mãos do Pimenta em ano eleitoral.” É um modo sutil de dizer que o ministro tucano iria usar a verba em proveito do seu partido. Se o PMDB sabe que os ministros de FHC trabalham dessa forma, ético mesmo seria deixar o governo.

Providência
Movido pela descoberta das obras extraviadas do pintor paraibano Tomás Santa Rosa nos corredores do INSS, revelada na última edição de ISTOÉ, o ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, criou uma comissão para rastrear todos os quadros valiosos existentes em seu Ministério. Agora, só falta o secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, botar no papel sua idéia de criar um museu com a arte empoeirada dos gabinetes de Brasília.

Mais baixarias
No jantar do PMDB, não sobrou só para FHC. Houve xingamentos, pesados, também para o ministro da Justiça, José Carlos Dias, e para o ministro-chefe da Segurança Institucional, general Alberto Cardoso. Um dos comandantes do partido, já meio tocado pelo uísque, sussurrava baixinho palavrões até mesmo contra o governador mineiro Itamar Franco, que é do PMDB, a cada vez que avistava o senador José Alencar (PMDB-MG).

Boa notícia
O programa de Microcrédito do Banco do Nordeste conseguiu completar 156 mil operações e agora está sendo imitado por bancos privados. Trata-se de empréstimos simplificados, por 90 dias, de cerca de R$ 600 a R$ 700 para artesãos e pequenos vendedores. O índice de inadimplência é um dos menores do mundo: 2%.

Será o Bug?
Um erro no programa do computador do Ministério do Planejamento causou uma encrenca danada no Ministério da Justiça. Saíram dobrados os valores dos salários dos funcionários requisitados aos Estados, cuja listagem estava sendo revista. Agora todos terão de devolver o excedente no mês que vem. Só que, como a rapaziada andava dura, tem gente que usou a grana e não sabe mais como pagar.

Rápidas

  • O deputado Wel-lington Dias está intrigado. Na prestação de contas da Prefeitura de Jaicós (PI), apareceu uma nota fiscal do perfume Deo Colônia – Trunph, de O Boticário. R$ 29.
  • O governador de Goiás, Marconi Perillo, descobriu um desvio de R$ 1,8 milhão na Secretaria de Comunicação. O promotor Roberto Correia deve entrar com pedidos de prisões.
  • Há oito meses no comando do Fundo de Seguridade Social dos Servidores Públicos, José Nivaldo Cordeiro já está com a cabeça a prêmio. Bateu de frente com a máfia dos fiscais.

“Quem disse que sou obrigado a sancionar?’’
De FHC a um amigo, dizendo que resistirá às pressões de ACM para sancionar o projeto que anistia os políticos das fraudes eleitorais