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Depois do incêndio a um ônibus de transporte de trabalhadores rurais na madrugada de sábado em Campos Novos, em Santa Catarina, a Polícia Civil começou as buscas e localizou Jadson Gonçalves, 18 anos, e Giovane Samuel Pereira, 19 anos, que foram presos em flagrante e encaminhados para a delegacia de polícia da cidade. A dupla teria colocado fogo no ônibus após receber ordens de detentos do presídio de Campos Novos. Investigações apontam que as ações criminosas contra ônibus ou bases de segurança deveriam ter sido executadas anteriormente, em Campos Novos.

Isso não ocorreu, segundo a polícia, em virtude da prisão, no início do mês, do responsável por organizar os ataques, Airton Muniz. Ele é integrante de uma facção criminosa e estava em liberdade condicional quando foi preso em flagrante por tráfico de drogas. A polícia afirmou ainda que ele havia saído do presídio com a missão de coordenar os ataques na região.  Na ausência dele, a ordem teria sido repassada para Jadson e Giovane.

Somando todas as prisões efetuadas pelas polícias Civil e Militar desde o início dos atentados até o início da tarde desta segunda-feira, o número de presos ou apreendidos por envolvimento em facções criminosas ou em atentados chega a 146 pessoas.

 
Ataques chegam a 111

Apesar das medidas adotadas em conjunto pelos governos estadual e federal desde sexta-feira, os ataques prosseguem em Santa Catarina. Quatro novas ocorrências foram registradas entre a noite de domingo e a madrugada desta segunda-feira. Ao todo, são 111 casos em 36 municípios do Estado. 

O primeiro ocorreu às 22h15, em Água Doce, no oeste do Estado. Uma base da polícia militar localizada na rua Anita Garibaldi foi alvo de um disparo de arma de fogo que atingiu a porta de vidro. No momento, um policial militar estava no interior da base, mas não se feriu. Ele disse que não ouviu barulho de carro ou moto durante a ação criminosa e a suspeita é que ela possa ter sido cometida por alguém a pé. Um projétil foi localizado. 

Por volta das 23h, em Palhoça, na região metropolitana, o veículo GM D-20 de cor vermelha foi totalmente incendiado na avenida Aniceto Zacchi, na ponte do Imaruim. Segundo a polícia, homens em um carro de cor escura teriam jogado gasolina no alvo e ateado fogo, fugindo em seguida em direção ao centro da cidade. Populares ainda afirmaram terem visto uma motocicleta no momento da ação.

No Norte do Estado, por volta das meia-noite, foi registrado um ataque à empresa de ônibus de transporte coletivo Alissontur, na rua João da Rosa, no bairro São Pedro. De acordo com a PM, três ônibus foram incendiados. Destes, dois foram totalmente consumidos pelas chamas. O proprietário da empresa percebeu o fogo e conseguiu controlar as chamas do terceiro ônibus atingido, que ficou parcialmente queimado.

O sistema de monitoramento por câmeras da residência e da garagem onde ficam alojados os ônibus revelou a presença de três homens de estatura mediana, trajando vestes longas (camisa e calça) e com rostos cobertos. Na ação, os criminosos danificaram a fiação elétrica dos ônibus, provocando curto-circuito e dando origem ao incêndio. Eles fugiram do local logo em seguida.

O último ataque foi em Joinville, à 1h35, no bairro Paranaguamirim. Um veículo Gol estacionado dentro do terreno da residência do proprietário na rua Francisco Estádio Martins foi incendiado parcialmente. Uma garrafa de plástico com combustível, colocada embaixo do motor, foi usada para atear o fogo. 

O Ministério da Justiça disponibilizou 350 soldados da Força Nacional para ajudar no combate ao crime em SC. Eles atuam em conjunto com a Polícia Militar e podem agir nas ruas, nos presídios ou nas operações de transferência de presos que teriam ordenado os ataques no Estado. A suspeita é que os atentados sejam uma represália a maus-tratos dentro das prisões.