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Paris, 12 de fevereiro de 1947. Um grupo de senhoras expremia-se em um pequeno salão para assistir à primeira coleção de um senhor de 42 anos. Era o début de Christian Dior, diante de olhares de espanto da platéia ao ver na passarela o que foi batizado pela revista Harper’s Bazaar como o New Look. “Criei mulheres-flores, de ombros suaves, seios generosos, cinturas finas como tulipas e saias que se abrem como pétalas”, definiu o estilista, ao propor o retorno à feminilidade em tempos de austeridade no pós-guerra.

Versailles, 2 de julho de 2007. Em uma das galerias do palácio onde reinou Maria Antonieta, estrelas de Hollywood e editoras de moda vêem diante de si o desfile de 45 looks inspirados em mestres da arte, de Michelangelo a Picasso.

Durante 40 minutos, tops como Gisele Bündchen e Linda Evangelista percorreram a passarela de quase 1 km em um vai-e-vem teatral tão ao gosto do estilista John Galliano.

 

 

 

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Seis décadas separam os dois momentos, unidos ainda por uma coincidência: são protagonizados por gênios que bebem da mesma fonte. O primeiro momento marca o nascimento da maison francesa pelas mãos de seu fundador, que esteve no comando apenas por dez anos.

O segundo é a apoteose de uma história de sucesso de um estilista cheio de personalidade, mas que soube manter vivo o espírito de Dior. “Galliano não impôs o próprio estilo, soube respeitar a história da marca”, afirma Rosangela Lyra, diretora da Dior no Brasil. Ao desembarcar na grife em 1997 para substituir Gianfranco Ferré (leia quadro ao lado), o estilista estudou durante três meses os 16 mil croquis deixados pelo fundador. “Ele mostrou respeito absoluto pelo senhor Dior e isto explica por que o casamento com a marca deu tão certo”, conclui Rosangela.

Uma união que só é longeva pelo fato de a teatralidade de Galliano se reverter em lucros. A Dior faz parte do grupo Louis Vuitton Moët Henessy, conglomerado de luxo do francês Bernard Arnault. Em 2006, o faturamento da Dior Couture chegou aos 731 milhões de euros. Por ano, Galliano cria seis coleções de prêt-à-porter e duas de alta-costura. São os desfiles que fazem essa indústria girar. A festa de 60 anos em Versailles é exemplo de como o negócio da moda produz e se alimenta de glamour. Como anfitrião, Galliano se vestiu de toureiro, numa viagem pela Espanha, fonte de inspiração das últimas coleções. “Impressionante como ele retratou Picasso em um pierrô”, aplaudiu o cineasta Pedro Almodóvar, um dos 500 convidados do desfile, que teve na primeira fila estrelas como Charlize Theron. Outras 1.500 pessoas participaram da recepção nos jardins, que começou às 20h e viu o sol raiar. Quem recebeu o convite teve uma dor de cabeça extra. Galliano inventou um novo dress code para a ocasião: elegância extrema. Nada mais Galliano.

 

 

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