IEpag74_Gil(C1).jpg
TESTEMUNHA
Um vigilante afirmou em depoimento que Gil Rugai e uma outra pessoa
saíram juntos da casa do pai dele (no detalhe, com Alessandra)

Duas vítimas, dois assassinos, mas apenas um suspeito em julgamento. É esse o quadro que se desenha para o Fórum Criminal de São Paulo, na segunda-feira 18, quando o ex-seminarista Gil Rugai, 29 anos, irá a júri popular. Ele é acusado de ter assassinado a tiros o pai, Luiz Carlos Rugai, 40 anos, e a madrasta, Alessandra Fátima Troitiño, 33, na residência do casal em um bairro nobre da capital paulista em 2004. Nove anos depois do crime, a polícia e o Ministério Público afirmam que Gil Rugai cometeu o duplo homicídio acompanhado por um suposto comparsa, que nunca foi identificado durante as investigações. A promotoria abordará essa tese no julgamento.

Rugai sempre alegou inocência. “A somatória de provas nos autos é mais do que suficiente para a condenação do réu”, afirma o promotor, Rogério Zagallo, que tem no currículo mais de 1,2 mil júris, com percentual de condenação de 95%. E acrescenta: “Gil estava com alguém da intimidade dele na cena do crime.” A convicção de Zagallo baseia-se no depoimento da principal testemunha do caso, o vigilante Domingos Ramos de Oliveira Andrade. Na noite de 28 de março de 2004, ele afirma ter visto Gil e uma pessoa saírem juntos da casa do pai, após as duas sequências de disparos. Este indivíduo teria semelhanças físicas com o principal acusado.

IEpag74_Gil(C2).jpg

“Nós acreditamos que alguém o levou ao local do crime e o buscou”, afirma o advogado da família de Alessandra, Ubirajara Mangini Kuhn Pereira, assistente de acusação. “Se surgir uma nova informação, inclusive durante o julgamento, o caso pode ser reaberto”, acrescenta. O delegado Rodolfo Chiarelli Júnior, responsável pela investigação policial, também diz ter convicção de que Rugai recebeu ajuda. A única pessoa investigada pela polícia como suspeita de ser o segundo assassino foi Maristela Greco, mãe do ex-seminarista. Mas ela tem um álibi. “A empregada doméstica de Maristela afirmou, em depoimento, que ela estava em casa na noite do crime”, afirma o delegado Chiarelli.

Para os advogados de Rugai, Marcelo Feller e Thiago Gomes Anastácio, os indícios apresentados pela acusação não se sustentam. Na semana passada, a defesa anexou aos autos 1,8 mil páginas de documentação que comprovariam que Rugai não estava no local do crime. Ele chegou a ficar detido por dois anos, mas respondeu à maior parte do processo em liberdade. “Temos registros telefônicos que mostram, junto com o depoimento de uma faxineira, que ele estava no prédio, a quilômetros de distância da casa do pai, no horário do crime”, afirma Anastácio.
Colaborou Jackson Viapiana

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Foto: NILTON FUKUDA/AE


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias