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Assista a depoimentos de sobreviventes de ataques de tubarões no litoral do Recife

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ALERTA
Depois de ter seu hábitat alterado, os tubarões ficaram desorientados e se
aproximaram dos banhistas que lotam as praias recifenses, como a de Boa Viagem

Desde 1992, quando os ataques de tubarões começaram a ser tabulados em Pernambuco, foram registrados 57, com 22 mortos e 35 feridos. Com o maior desenvolvimento do porto de Suape, a presença dos animais próximo à área dos banhistas nas praias do Recife tem ficado cada vez mais constante. Diante disso, o poder público e a sociedade civil se organizam para evitar que os ataques continuem. De um lado, há os integrantes do Manifesto P5, que simplesmente defendem a matança dos bichos. Do outro, ambientalistas radicais pretendem liberar as praias aos tubarões. Entre um e outro extremo, uma saída está prestes a ser testada.

Trata-se da instalação de uma rede para separar as duas espécies dentro d’água. A ideia vem do Instituto Praia Segura, formado por surfistas, médicos e empresários. O projeto começa com uma rede de 400 metros de extensão e sete de altura, protegendo uma área na praia de Boa Viagem. Os primeiros testes estavam previstos para dezembro de 2012, mas, devido a mudanças na gestão de órgãos estaduais e federais, novas licenças foram exigidas. E elas não são poucas. É preciso obter liberações ambientais e da Marinha e definir, por exemplo, a responsabilidade civil por danos eventuais.

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ENSAIO
Integrante do Instituto Praia Segura experimenta rede para barrar tubarões no Recife.
Testes com o modelo definitivo foram adiados devido à burocracia

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Segundo o coordenador do grupo, Sérgio Murilo Filho, a meta é promover o retorno dos esportes náuticos à região. “Seriam eventos pontuais. Nossa intenção não é instalar a tela e deixá-la ali”, explica. Essa estratégia é a única considerada viável pelo Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit). “Essa proposta seria para os fins de semana. Depois, as redes devem ser retiradas”, diz Rosângela Lessa, presidente do Cemit, que agrega outras seis instituições, entre elas a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco. Principais interessados na discussão, surfistas esperam ansiosos uma solução. Entre eles, está Charles Heitor Barbosa Pires, fundador da Associação das Vítimas de Ataques de Tubarão (Avituba). “Sou a favor da instalação. Se fosse na época em que eu surfava, isso teria evitado casos fatais.” Ele perdeu as duas mãos em um ataque ocorrido no dia 1º de maio de 1999.

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O entusiasmo pela instalação das redes não é unânime. “Há sempre o risco de animais ficarem presos”, diz Marcelo Szpilman, diretor do Instituto Aqualung e biólogo. Ele exime os tubarões de qualquer culpa na história. “Quando o porto de Suape foi construído nos anos 1970, o mangue no local foi aterrado e duas bocas de rios foram fechadas. Esses locais eram usados para a desova.” Desorientados, os tubarões mudaram de rota e passaram a interagir mais de perto com o homem. Apesar dos ataques, não fazemos parte do cardápio do animal. Se fizéssemos, o número de casos sem sobreviventes seria bem maior.

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Colaborou Larissa Veloso

Fotos: Igo Bione/JC Imagem/Folhapress; Mark Conlin/VW Pics/ZUMA Press; Alexandro Auler/JC Imagem


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