Dizem que a mulher consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo e o homem realiza uma de cada vez. Pode ser. A antropóloga americana Helen Fischer revelou certa vez a ISTOÉ que essa característica é ancestral. Ele saía para caçar e ela ficava em casa. Sem microondas, geladeira ou máquina de lavar, tinha de cuidar de tudo, ficar de olho na prole e protegê-la dos predadores. Isso fez com que desenvolvesse um sentido, digamos, mais aguçado. Durante séculos, essas funções se mantiveram semelhantes às do tempo das cavernas. E a incumbência de provedor deu ao homem poderes que subjugaram a mulher. Foi preciso endurecer, queimar sutiãs e até dar a vida para que isso mudasse. Como aconteceu com as 129 operárias de uma fábrica de Nova York, que, em 8 de março de 1857, entraram em greve para reivindicar salários iguais aos dos homens e redução da jornada de até 16 horas. Furiosos, os patrões as trancaram na fábrica e atearam fogo. Todas morreram. Em 1910, uma conferência internacional de mulheres, realizada na Dinamarca, transformou a data no Dia Internacional da Mulher.

É verdade que elas ainda brigam por melhores salários e qualidade de vida. Mas há muito a festejar. Hoje, elas são formadoras de opinião, ocupam cargos antes só imaginados para homens e, não bastasse, dão a última palavra em casa, até mesmo na hora de escolher a marca do carro. É sobre isso a reportagem

O poder de salto alto

, que começa à pág. 56, realizada por Dolores Orosco e Rita Moraes, com a colaboração de Liana Melo, Greice Rodrigues e, ops, Chico Silva. Ele e Camilo Vannuchi são os únicos homens da editoria de Comportamento – que soma seis mulheres. E ai deles se fizerem uma coisa só.