O público americano está acostumado a ver famosos seriados de tevê virarem sucessos no cinema. É o caso de Sex and the city, Arquivo X e Twin Peaks. No Brasil, acontece o contrário: filmes com grande rendimento de bilheteria acabam se transformando em séries televisivas. O mais recente exemplo é Ó, paí ó, da Rede Globo, que se baseia no filme homônimo de Monique Gardenberg. São seis episódios, cada um deles dirigido por um cineasta diferente, com todas as cenas filmadas no Pelourinho, em Salvador – não há uma única locação feita no Projac, estúdio localizado no Rio de Janeiro. As histórias (sobre moradores do centro de Salvador) foram escritas por Guel Arraes e Jorge Furtado. Lázaro Ramos continua como protagonista do bem-sucedido projeto que agora conta também com Matheus Nachtergaele e Stênio Garcia.

Em vez de aproveitar a oportunidade e fazer um segundo longa-metragem, como acontece no mercado dos EUA, quem encampa a idéia de dar continuidade e colher os frutos de um blockbuster brasileiro é a televisão. Só na emissora carioca, desde 2003 foram realizadas em co-produção os seriados Cidade dos homens (inspirado em Cidade de Deus), Carandiru – outras histórias e Antônia. Ainda alvo de disputa entre as emissoras, Tropa de elite tem o aval de mais de dois milhões de espectadores. Marcos Prado, produtor do filme, não descarta a hipótese de estender em capítulos o cotidiano do truculento capitão Nascimento.

"Sempre suprimimos muitas cenas e seqüências ao editarmos um longa. Com a qualidade atual das minisséries, é possível explorar tudo isso, tratar de mais assuntos ligados ao tema e ainda atingir um grande público", diz ele.