Dilma às boas com o MST

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Dilma Rousseff é inteiramente cética em relação à reforma agrária convencional, o que explica os baixos números de assentamentos de seu governo. A presidenta prioriza a criação de cooperativas modernas, capazes de empregar tecnologias e buscar um espaço no mercado. Para esses agricultores, o governo lançou na semana passada um pacote de R$ 342 milhões em financiamentos e ainda promete dobrar a compra garantida à lavoura. Depois de passar quase dois anos de mau humor com o Planalto, os líderes do MST voltaram às boas com a presidenta.

CUT saiu do gelo
Inconformado com o que considerou falta de solidariedade em hora importante, o Planalto congelou relações com a CUT após a entidade assumir uma postura cautelosa diante das mudanças na caderneta de poupança. As conversas foram retomadas na semana passada, depois que a CUT já dera posse a Wagner Freitas, seu novo presidente, há seis meses no cargo.

Entre tango e samba
As tratativas diplomáticas das últimas semanas deixaram claro que as diferenças entre Brasil e Argentina nas negociações de um acordo comercial envolvendo os integrantes do Mercosul e os da União Europeia não param de crescer. Enquanto Brasília quer negociar uma fronteira comercial com o Velho Mundo a partir de passos lentos, porém consistentes, os argentinos
atuam com uma estratégia justamente oposta ao Planalto. Tentam negociar em alta velocidade, fazendo várias discussões ao mesmo tempo. Um caminho ideal para quem busca uma ruptura.

CHARGE

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Mandato longo para Paulo Sérgio?
Novo coordenador da Comissão da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro assume a função, nesta semana, quando faltar um ano e três meses para a conclusão dos trabalhos do organismo que busca informações sobre a tortura e o desaparecimento de presos políticos. Pelas regras da Comissão, a coordenação se exerce pelo sistema de rodízio, com um novo responsável a cada trimestre. É democrático, mas um número crescente de membros da Comissão defende que Paulo Sérgio comande os trabalhos até o final.

Megafone na mão
Novo líder do PT no Senado, o senador Wellington Dias, do Piauí, assume a função cercado pela expectativa de que terá uma postura mais combativa do que o antecessor, o baiano Walter Pinheiro. A tese é que Pinheiro preferia uma atitude de conciliação com as críticas da oposição ao governo Dilma, desperdiçando oportunidades de avançar sobre os adversários.

Conta de chegar no mensalão
Para o Planalto, o destino dos condenados do mensalão se divide em duas partes. Quem não tem mandato lutará por recursos e embargos até o fim do ano. Depois, cumpre a pena que receber. Ninguém consegue prever o tempo que a Câmara vai usar para dar a palavra final para quatro deputados condenados.  

Fora dos trilhos
A Valec, estatal do setor ferroviário, vai licitar novamente o lote 15 da Ferrovia Norte-Sul. Um trecho de 20 quilômetros, em Porangatu, em Goiás, está afundando. Técnicos já haviam alertado sobre erros de procedimento que causaram o problema. Não foram ouvidos. Curiosamente, a empresa de fiscalização e a construtora responsável são candidatas a ganhar o novo contrato.   

Toma lá dá cá

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Um dos principais defensores do regime de cotas raciais no Congresso, o deputado Luiz Alberto (PT-BA), recebeu um pedido dos países que formam a União Africana para organizar um encontro de afrodescendentes de toda a América no final do ano.

ISTOÉ – Por que fazer um encontro de afro-descendentes no Brasil?
LUIZ ALBERTO – Com 100 milhões de afrodescendentes, o Brasil é hoje uma referência para o progresso da população negra. As pesquisas mostram que 70% da chamada nova classe média é forma por afro-brasileiros.Todo mundo quer saber o que está acontecendo aqui.  

ISTOÉ – E o que está acontecendo? 
LUIZ ALBERTO –  Em pouco tempo, nós progredimos mais do que muitos países. Embora a ação afirmativa seja mais antiga nos Estados Unidos do que no Brasil, nós andamos rapidamente. Nosso programa de cotas para ingresso na universidade só tem comparação com o regime que funciona na Colômbia. Claro que nem todos os problemas estão resolvidos. Mas já podemos pensar no futuro. A preocupação é saber o que vai acontecer daqui a dez anos, quando aqueles que se formarem sob o regime de cotas chegarem ao mercado de trabalho.  
ISTOÉ – Os afrodescendentes de todos os países têm uma visão semelhante de sua situação?
LUIZ ALBERTO – Quase todos. Os norte-americanos são um pouco diferentes. Eles dão a impressão de se sentirem superiores. Eu disse isso ao Spike Lee, quando ele me entrevistou para um filme que está fazendo sobre o Brasil. O Spike Lee ficou sem-graça e disse que a geração dele não é assim.     

Rápidas
* Uma das melhores fontes de receita do Congresso, o restaurante do Senado promove uma licitação para escolha de quem vai assumir o negócio. O senador Gim Argello (PTB-DF) e o ex-senador Adelmir Santana (DEM-DF) tentam emplacar empresas amigas.

* Há um ambiente de paz no PSDB. Dois parlamentares próximos de José Serra assumiram postos importantes no Congresso. Aloysio Nunes (SP) será líder dos tucanos no Senado e Carlos Sampaio (SP) assume o comando da legenda na Câmara.

* O atual advogado-geral do Senado, Alberto Cascais, já foi avisado que terá de deixar o cargo. Para seu lugar, o presidente Renan Calheiros quer trazer de volta Emilia Ribeiro, que estava na Anatel.

Retrato falado

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“Delgado fala para a imprensa, não para nós. Isso é uma Casa corporativa. Se em 42 anos de vida parlamentar a única errata que Henrique fez foi dar emenda, ele é o mais honesto daqui.”

Temido por sua franqueza, o deputado Sílvio Costa (PTB-PE) acompanhava admirado o discurso de Júlio Delgado (PSB-MG), rival de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) na disputa pela presidência da Câmara. Costa elogiava a coragem do colega de peitar Henrique até que o mineiro começou a atacar o peemedebista, lembrando as denúncias que atingiram a campanha do potiguar em janeiro. Costa argumentou:

O vice que foi sem ter sido

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O projeto de Lula de oferecer ao governador de Pernambuco Eduardo Campos a cadeira de vice de Dilma em 2014, entregando a Michel Temer a chance de disputar o governo de São Paulo, padece por falta de interesse real.  Nem Temer nem o PMDB têm interesse em trocar uma campanha favorita – até agora – por uma disputa altamente duvidosa no berço do PSDB. O Planalto também não quer perder um aliado já arisco.  

A marca João Santana
O estilo bateu-levou que a presidenta Dilma Rousseff exibiu no discurso em que anunciou a redução no preço da conta de luz chegou a lembrar o espírito guerreiro de Franklin Martins, ministro da Comunicação de Lula no segundo mandato. Dilma tem ouvido Franklin com frequência, mas o discurso foi obra da casa, sob direção de João Santana.  

Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira e Josie Jeronimo.
fotos: Roberto Stuckert Filho; Walter Campanato; LOLA OLIVEIRA/BRAZIL PHOTO PRESS