Nem mesmo a chuva que caiu durante toda a madrugada da quinta-feira 26 foi suficiente para combater o incêndio que tomou conta do prédio da Eletrobrás, no centro do Rio de Janeiro. Os primeiros focos de incêndio surgiram por volta das 4h15, atingindo os seis últimos andares. Além da estatal, funcionam no edifício de 22 andares a Sul América Capitalização e o Banco Real. Não houve vítimas. As principais ruas do centro foram interditadas, a energia elétrica do quarteirão foi desligada, edifícios vizinhos foram isolados enquanto esquadrias de alumínio e aparelhos de ar condicionado despencavam do prédio em chamas. Três rachaduras no alto do edifício 409 da avenida Rio Branco deixaram a Defesa Civil em alerta.

“É quase certo que o reboco da fachada do prédio desabe”, alertava durante todo o dia o secretário de Estado de Defesa Civil, coronel Carlos Alberto de Carvalho. O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-RJ) foi convocado pela diretoria da Eletrobrás para ajudar no laudo pericial. Apesar das enormes labaredas que tomavam conta dos andares superiores, o diretor de Projetos Especiais e Desenvolvimento Tecnológico e Industrial da Eletrobrás, José Drumond Saraiva, garantia que nenhum documento importante da empresa havia sido perdido, embora o fogo tenha atingido também a sala da presidência. “O Departamento de Informática conseguiu preservar os dados da empresa”, garantiu o executivo. O presidente da estatal, Luiz Pinguelli Rosa, foi informado do incêndio pelo telefone, pois estava na Inglaterra para um seminário. A estatal tem uma robusta participação no setor elétrico brasileiro, controlando várias concessionárias (entre elas Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletronuclear), além de deter 50% de Itaipu.

O Crea-RJ manifestou a necessidade de convencer as autoridades públicas a criar um novo código de segurança e controle de incêndio

nos prédios do centro do Rio. “As instalações nesses prédios não

são adequadas para controle de incêndio. Estas chamas começam

em focos internos. Quando você tem equipamentos e técnicos preparados para a prevenção, isso não acontece”, alerta o presidente

do Crea-RJ, Reinaldo de Barros. Cerca de 150 homens foram mobilizados no combate ao incêndio, que consumiu 12 horas de intenso trabalho. Extra-oficialmente, técnicos apostavam que a causa das labaredas que fizeram a temperatura do centro da cidade se elevar pode ter sido um curto na parte elétrica da estatal.