De um lado já não se tem mais – devido, em grande parte, ao uso do coquetel de drogas que interfere na multiplicação do vírus no organismo – a imagem do doente morrendo esquálido, cadavérico. De outro, é justamente isso que está fazendo com que as pessoas relaxem na prevenção. Uma mostra disso veio numa pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde em setembro de 1999: feita em 3,6 mil domicílios, ela revelou que 76% dos entrevistados não usaram camisinha nas relações que mantiveram no último ano.

No controle da doença, um mérito brasileiro é assegurar à população infectada com o HIV, cerca de 500 mil, a distribuição gratuita do coquetel. O problema, porém, vai além. Cada vez mais a doença se espalha por regiões do interior dos Estados e nas periferias das cidades, onde encontra a pobreza como aliada, e a falta de educação e de acesso a serviços de saúde também dificulta o trabalho de prevenção. O número de mulheres contaminadas explodiu, chegando a uma proporção de um caso feminino para cada dois masculinos. Em 1986 era de 1 para 16. E mais: surgem os primeiros indícios da resistência do vírus aos medicamentos. Por tudo isso a mudança de comportamento é um dos maiores desafios na luta contra a doença.