Cristina embolou a agenda

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A suíte de Dilma Rousseff no Ritz, em Santiago do Chile, foi o centro de peregrinação das principais autoridades presentes à cúpula entre o Mercosul e a União Europeia. Foi para lá que se deslocaram Cristina Kirchner, presidenta da Argentina, Enrique Peña Neto, novo presidente do México, e Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha. Ao se atrasar 20 minutos para o encontro com Dilma, Cristina embolou a agenda. Angela Merkel, pontualíssima, teve de enfrentar uma espera de dez minutos. Dilma e Cristina conversam como amigas, mas, irritada, a presidenta brasileira até agora não respondeu a um convite para uma temporada de descanso e conversas no Calafate, o berço político dos Kirchner no interior da Argentina.

Merkel otimista
O encontro mais aguardado de Santiago era a conversa entre Dilma e Angela Merkel. Foi um diálogo sem momentos de tensão, embora Merkel seja o sujeito oculto das críticas frequentes de Dilma à estratégia dos países centrais para sair da crise. Falando sobre as perspectivas do Velho Mundo, Merkel chamou a atenção por demonstrar certo otimismo, mesmo moderado.

Lewandowski x Greenhalgh
Embora tenha se tornado, depois do julgamento do mensalão, o ministro predileto dos petistas, Ricardo Lewandowski rejeitou uma ação do ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh num caso menos conhecido. Greenhalgh se mobilizou para revogar a prisão de Eugene Misick, ex-premiê das Ilhas Turcas e Caicos, um território britânico. Numa confusão frequente em casos semelhantes, Misick é acusado de corrupção e formação de quadrilha em seu país. Greenhalgh alega que ele sofre perseguição política, mas não convenceu Lewandowski.

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Sem salário
Os mais de 130 funcionários terceirizados da gráfica do Senado ameaçam parar na próxima semana após a escolha do novo presidente da Casa. Não se trata de uma questão política, mas trabalhista. Eles reclamam que há quatro anos não têm reajuste e que a empresa contratada não respeita a convenção coletiva.

Quase unidos
Qualquer plano presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para 2014 passa necessariamente por um acordo com o colega socialista Cid Gomes. O problema é que o governador do Ceará está alinhadíssimo ao Palácio do Planalto e é o único político do PSB com estatura (quase) equivalente a Eduardo Campos.

Morte anunciada
Embora só tenha deixado o governo na semana passada, a queda de Ricardo Flores havia sido resolvida pelo governo antes mesmo da posse de Dilma Rouseff. Sempre no condomínio de empresas ligadas ao Banco do Brasil, Flores até conseguiu mudar de posto, deixando a presidência da Previ pela Brasil Previ. Mas a decisão já estava tomada nas semanas anteriores à passagem
da faixa presidencial.

A festa de aniversário de Dilma e Lula
O PT quer comemorar dez anos de sua chegada ao Planalto em ambiente intelectual-político. A ideia é promover seminários abertos em grandes espaços de vários Estados brasileiros. Podem aparecer dirigentes do partido e intelectuais convidados. A prioridade, contudo, será realizar eventos com a presença de Lula e Dilma, garantia de que um debate metafísico pode transformar-se em festa popular. Tomando cuidado para não afastar aliados que podem melindrar-se com a comemoração de “dez anos de governos petistas,” o plano é comemorar “dez anos de governos democrático-populares,” guarda-chuva onde cabe todo mundo.

Rápidas
* A tragédia da casa noturna Kiss mobilizou o Congresso. Em uma semana, seis parlamentares apresentaram projetos de lei voltados para a segurança de boates e baladas. O pri­meiro a entregar proposta foi o deputado Fernando Francischini (PEN-PR).

* A bancada de senadores que tomam pos­­­se sem receber um único voto já cor­responde a 12% do plenário. Eles são os suplentes e, em geral, respondem pelas finanças dos titulares.

* O Ministério Público do Tribunal de Con­tas do Distrito Federal questiona a terceirização da defesa de órgãos públicos, como autarquias e fundações, pela Pro­curadoria-Geral do DF. A explicação, de que faltam servidores para atender à grande demanda de processos, parece não convencer.

Toma lá dá cá

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O deputado Paulinho da Força (PDT-SP) está programando um conjunto de manifestações para infernizar a vida do governo Dilma a partir da segunda-feira 4, quando o Congresso começa a discutir a Medida Provisória 595, que prevê a privatização dos portos.

ISTOÉ – Por que a privatização dos portos é uma ideia ruim?
Paulinho – Depois de 1993, quando se criou um novo marco regulatório, os portos brasileiros passaram a funcionar por um sistema semelhante ao da maioria dos países mais adiantados. A operação dos portos já é privatizada, mas eles permanecem como patrimônio nacional. Mais de 300 empresas atuam nos portos.

ISTOÉ – O que muda, então?
Paulinho – Com as licitações, os portos serão entregues a duas ou três grandes empresas, que passam a atuar pelo regime de concessão. O sistema de contratação de mão de obra também vai mudar. Hoje, um portuário ganha, em média, R$ 3.500. É um salário digno.

ISTOÉ – O que vocês pretendem fazer?
Paulinho –
Dilma vai enfrentar uma mobilização de trabalhadores como ela nunca viu. Vamos atrapalhar os movimentos dos portos e fechar
canais marítimos.

Retrato falado

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“O País mudou tanto em 30 anos que precisamos avaliar e debater quem são nossos aliados e quem são nossos adversários.”
Preparando o novo Congresso do Partido dos Trabalhadores, o presidente Rui Falcão reconhece que será preciso fazer uma “ reflexão” sobre três décadas de experiência de governo. Com esse eufemismo, pretende abrir a porta para um debate sobre o mensalão e outras práticas semelhantes. Ele também acha que o partido precisa repensar suas alianças políticas em função de mudanças ocorridas no País.

PMDB-PR recebeu Gleisi

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Em fase preparatória, a campanha da ministra Gleisi Hoffman, da Casa Civil, ao governo do Paraná em 2014 está em clima de lua de mel com o PMDB local. O partido patrocinou uma recepção no Espaço Unique, em Brasília, que reuniu 300 prefeitos peemedebistas daquele Estado. Uma das forças do PMDB-PR é o deputado Osmar Serraglio, relator da CPMI dos Correios, início do julgamento do mensalão.

Processo secreto
Num caso que corre em segredo de Justiça, um personagem ligado à pré-história do mensalão mineiro está sendo investigado por ameaçar uma antiga namorada. No processo, a moça alega que o relacionamento ocorreu há mais de 14 anos e que ambos tiveram uma filha. E que sofreu ameaças telefônicas em razão de “divergências quanto ao reconhecimento da paternidade da criança”.

Fotos: Roberto stuckert filho/pr; Carlos Moura/CB/D.A Press; divulgação
Colaboraram: Claudio Dantas Sequeira e Josie Jerônimo