Foi nessa época que a palavra chauffer passa a integrar o vocabulário nacional. "Autómovel, Senhor da Era, Criador de uma nova vida. Ginete Encantado da transformação urbana", escreveu o cronista social João do Rio, nos anos 10. Ter carro era prazer para poucos, só a nata da sociedade podia importá-lo. No início eram encarados como instrumentos de uma modalidade esportiva e rapidamente identificados com a modernidade e a virilidade. O carro se torna sinônimo de status social, um instrumento de poder. O que vai contribuir para a absurda paixão do brasileiro por carro é a eficiente associação às mulheres proposta pelas campanhas publicitárias. A estratégia, criada nos Estados Unidos, colaborou para dar ao veículo uma aura erótica. Ter um carro facilitava o contato e a atração das garotas. Daí o sucesso do surgimento dos Automóveis Club no Brasil onde um radiador interessava mais que a família, mas tanto quanto as mocinhas. Na década de 50, os garotões saíam com seus rabos-de-peixe e passavam a tarde falando de rebimbocas e assobiando para os brotos nas ruas. Foi nos anos JK que a indústria automobilística ganhou a força política que exerce até hoje. O primeiro veículo de fabricação nacional foi a Romi-Isetta, em 1955. De lá para cá, o carro foi se tornando mais popular, mas não menos desejado.