E estava morta. Ângela Diniz foi assassinada aos 32 anos com quatro tiros disparados à queima-roupa por seu amante, Raul Fernando do Amaral Street, em 30 de dezembro de 1976. O caso foi controvertido como a curta vida da “Pantera de Minas”. Segundo empregados da casa de praia da socialite em Búzios, os disparos ocorreram depois de mais uma das discussões que pontuaram a paixão do casal. “Você não presta. Vá embora”, gritou Ângela. “Eu te amo!”, emendava Doca, que disse ter ouvido dos lábios da pantera que teria de dividi-la na cama com os homens e mulheres que ela escolhesse. Filho bonitão de um industrial paulista, Doca dificilmente se segurava num emprego e exibia uma notória preferência por mulheres ricas. O argumento da defesa feita por Evandro Lins e Silva foi a legítima defesa da honra. A estratégia foi desancar a reputação de Ângela, qualificada como “uma mulher que vivia na horizontal”. Doca foi absolvido em 1979 e saiu do fórum sob aplausos. Em 1981 foi levado a novo júri. Desta vez, feministas invadiram as ruas protestando contra a tese da defesa. Foi condenado a 15 anos de prisão num julgamento que acirrou a discussão sobre os valores machistas que predominavam até mesmo na interpretação das leis.